MEMÓRIAS ESMERALDINAS: América 1x1 Ferroviário (CE) em outubro de 1970



O tema a ser abordado nas Memórias Esmeraldinas de hoje será uma partida do América válida pela última edição da Taça Norte-Nordeste de 1970. América do Recife e Ferroviário do Ceará se enfrentaram numa quinta feira dia 22 de outubro de 1970 em partida válida pelo grupo B da parte nordeste no Estádio Eládio de Barros Carvalho em Recife.

O grupo era em formato pentagonal e tinha além do América do Recife a presença de Ferroviário (CE), ABC (RN), Treze (PB) e Campinense (PB) com jogos em turno único. América e Ferroviário do Ceará entravam em campo naquele dia 22 em partida da quarta rodada em situação de igualdade entre as equipes, uma vez que o “Tricolor da Barra” havia somado apenas 1 ponto fruto de empate contra o Campinense e o Periquito da Estrada do Arraial havia também somado apenas um ponto fruto do empate contra o Treze em Campina Grande. Para aumentar as similaridades, o América vinha de derrota contra o ABC jogando em Natal e o “Ferrão” vinha de derrota em casa para o Treze, colocando ambas as equipes em situação de grande necessidade de vitória.

No dia anterior à partida contra o Ferroviário Cearense, os jogadores americanos se concentraram e treinaram no Campo de Bebinho Salgado no bucólico bairro de Apipucos, visando estarem aptos físico e tecnicamente para o jogo. Para a surpresa dos atletas concentrados, a equipe teve que assistir uma palestra realizada pela assistente social Vitória Machado, que teve como tema a delinquência entre os jovens e a capacidade que o esporte tem de afastá-los deste meio insalubre.

Ao término, os jogadores e comissão técnica foram convidados a visitar um dia a Casa de Detenção do Recife e conhecerem de perto o problema social de muitos jovens recifenses. O zagueiro Ubirajara na intenção de promover a descontração, afirmou que sendo como visitantes, iríamos com todo o prazer (risos na sala). O treinador Adelson Wanderley reuniu os atletas logo após a palestra para um treino recreativo de 1h de duração, sem a presença do meia Draílton que queixava-se de dores na coxa e do zagueiro Ivan de sentia dores no pescoço. Brivaldo, que vem atuando muito bem, deverá ser mantido como titular, uma vez que, Jaminho continua se recuperando de fratura.

Após a movimentação os jogadores foram liberados e convocados a se apresentarem as 16h na sede da Estrada do Arraial. Segundo o treinador Adelson Wanderley, o time que entraria em campo contra os tricolores alencarinos seria o mesmo que perdeu em Natal para o ABC, uma vez que a derrota no Rio Grande do Norte, aos seus olhos, veio por puro detalhe e não por deficiência técnica da equipe.

No mesmo dia o Ferroviário Atlético Clube chegou ao Recife, vindo a se hospedar no Hotel São Domingos vizinho à Praça Maciel Pinheiro no Bairro da Boa Vista, tendo como atrações ao público pernambucano, a presença de Paulo Veloso, Aluísio Linhares e Facó. As baixas da equipe ficaram por conta do lateral direito Arlindo e do lateral esquerdo Louro, contundidos, que deram lugar a Estêves e Laudo. O treinador do Ferroviário, Alexandre Nepomuceno, se mostrava contente por poder rever uma partida da equipe esmeraldina, a qual recebeu informações de estava jogando um bom futebol e que seria uma partida bastante difícil. Ressaltou que as ausências dos laterais titulares não deverão ser sentidas, pois os reservas saberão substituí-los à altura e que o clima no elenco era muito bom, principalmente devido ao título de campeão cearense conquistado no último dia 7 numa final contra o Guarany de Sobral.

O público pernambucano estava ansioso para ver novamente o goleiro Aluísio Linhares que era reserva de Lula no Clube Náutico Capibaribe no ano do hexacampeonato, além de Facó que havia sido campeão pernambucano pelo Santa Cruz em 1969 e de Paulo Veloso que era do Santa Cruz, mas estava no Ferroviário do Ceará por empréstimo.
Goleiro Nunes do América toma "frangaço" e o adversário sai na frente.

A partida teve seu início às 21h e foi arbitrada por Murilo Duarte Carvalho, sendo auxiliado por Hélio Ferreira e Geraldo Alves. O tricolor cearense começou melhor e abriu o placar aos 3 minutos ainda no primeiro tempo em um chute do atacante Cocacola em que o goleiro Nunes do América falhou feio no lance e o Ferroviário abria a contagem.


Ilustração da partida América X Ferroviário (CE) nos Aflitos em 1970.
O América foi para cima e equilibrou a partida e como fruto das orientações passadas pelo treinador Adelson Wanderley, chega ao gol de empate aos 32 minutos ainda no primeiro tempo. Intenso bate rebate na zaga do “Ferrão” e o atacante Batista recebeu sozinho de frente para o gol e tocou no canto esquerdo do goleiro Aluísio Linhares para empatar. É GOL DO AMÉRICA! América 1x1. Aos 35 minutos o Ferroviário do Ceará ataca e marca por meio de um chute do atacante Paulo Veloso, mas a arbitragem anula-o sob alegação de impedimento. 


Os jogadores do Ferroviário cercam o Sr. Murilo Duarte Carvalho e criticam a irregularidade apontada. No segundo tempo as duas equipes tiveram boas oportunidades de ficarem na frente do placar, mas os atacantes de ambas as equipes não souberam aproveitar os lances surgidos e a partida terminou com um empate de um gol para cada lado, que não agradou nem americanos e nem tricolores. Final América 1x1 Ferroviário do Ceará para uma renda de apenas 1.002 cruzeiros.

As equipes possuíram as seguintes escalações:

AMÉRICA: Nunes (Omar); Teco, Ivan, Ubirajara e Brivaldo; Ideltônio e Draílton; Edson (Manoelzinho), Batista, Alemão e Paulinho. Treinador: Adelson Wanderley.

FERROVIÁRIO (CE): Aloísio Linhares; Esteves (Luis), Hamílton Aires, Gomes e Laudo; Simão e Edmar; Cocacola, Hamilton Lelo, Paulo Veloso e Jacó. Treinador: Alexandre Nepomuceno.


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