1950
Aflitos
América Futebol Clube (PE)
Amistoso
Madureira/RJ
Memórias Esmeraldinas
MEMÓRIAS ESMERALDINAS: América 4x2 Madureira/RJ em janeiro de 1950
As Memórias Esmeraldinas estão de
volta e desta vez vamos abordar um amistoso interestadual em 1950. Neste ano o
Brasil sediou pela primeira vez uma Copa do Mundo, Getúlio Vargas foi eleito
pelo voto direto presidente do país, era inaugurada através do empresário Assis
Chateaubriand em São Paulo a TV Tupi (primeira emissora de televisão do Brasil)
e se iniciava a Guerra da Coréia, fazendo as pessoas recordarem os horrores das
guerras mundiais passadas. Em 1950 nasciam o treinador de futebol Sebastião
Lazaroni (bicampeão carioca pelo Vasco da Gama em 1988 e campeão da Copa
América de 1989 com a Seleção Brasileira e atualmente no futebol do Catar), o
cantor norte-americano Stevie Wonder (autor de álbuns como “Looking Back” de 1977 e “The Woman in Red” de 1984) e o
apresentador Fausto Silva (Faustão). Na música brasileira, a cantora Dalva de
Oliveira lançava os sucessos “Tudo
Acabado” composto por J. Piedade e Osvaldo Martins e “Errei, Sim” composto por Ataulfo Alves. Isaura Garcia junto com
Hervé Cordovil cantavam “Pé de Manacá”,
o cantor pernambucano Capiba lançava “Olinda,
Cidade Eterna” e por fim, Francisco Alves aparecia nas rádios com o sucesso
“Cadeira Vazia” de autoria de
Lupicínio Rodrigues e Alcides Gonçalves sem falar que, o Nordeste cantava o
novo sucesso de Luiz Gonzaga, a música “Que
Nem Jiló”.
Página esportiva do jornal Folha da Manhã de Recife em 18/01/1950 destacando a partida América x Madureira |
Em 18 de janeiro de 1950
aconteceu o amistoso interestadual inédito América/PE x Madureira/RJ no Estádio
dos Aflitos em Recife. O “Tricolor
Suburbano”, vice-campeão carioca de 1936, havia feito uma campanha ruim no
campeonato carioca de 1949, vindo a ocupar a 10ª colocação (à frente apenas do
Canto do Rio), entretanto, vinha animado pelas suas apresentações anteriores
nesta excursão a Recife. O time carioca já havia vencido o Sport por 3x1 no dia
06, o Santa Cruz por 3x2 no dia 8 e o confronto contra o Náutico no dia 12
terminou empatado em 3x3. No dia 15 a invencibilidade do Madureira Atlético
Clube (trocou o “atlético” por “esporte” em 1972) foi quebrada pela Seleção
Pernambucana, que o venceu pelo placar de 4x2 e o jogo de despedida dos
gramados recifenses se daria contra o “Mequinha” em um clima bastante festivo.
Goleiro Amaury do América do Recife |
No lado do América do Recife, a
intenção era apagar a campanha ruim do campeonato pernambucano de 1949, no qual
fez uma boa participação no primeiro turno, mas veio a decepcionar, obtendo a
última colocação no segundo turno e o jogo contra o Madureira seria uma ótima
maneira de desentravar os jogadores que estavam em período de recesso e que
somente estreariam no estadual em maio contra o Santa Cruz. De um lado o
Madureira/RJ tinha atletas de talento futebolístico muito elogiado como
Panzarielo e Canelinha e do outro o América tinha Dequinha, Astrogildo, Cido e
Amaury que também eram integrantes da Seleção Pernambucana do treinador
Salvador Perini, então uma vitória alviverde neste duelo, não seria nada de
improvável. O interessante naquela noite de
quarta feira era que a partida América x Madureira teria como preliminar, um
jogo festivo entre o elenco representativo do jornal Folha da Manhã e o time do
Penarol, que atuava na Liga Suburbana da cidade do Recife. Pouco antes da bola
rolar no Estádio dos Aflitos, o Madureira anunciou duas modificações com
relação à equipe que enfrentou a Seleção Estadual, que foram a entrada de Panzarielo
no lugar de Agnelo e de Betinho no lugar de Tampinha.
Osvaldinho, atacante do Madureira |
Com o apito do árbitro Argemiro
Félix (Sherlock) a partida América x Madureira foi iniciada e o que se viu foi
uma boa apresentação do quadro alviverde e uma atuação abaixo da esperada do time
carioca, que muito procurou se defender, entretanto, a genialidade do quinteto
de ataque esmeraldino, foi suficiente para vazar a retaguarda do Tricolor
Suburbano que tinha como principal peça do setor de defesa o jovem Rubens.
Perto da metade do primeiro tempo, o célebre Dequinha inaugura o placar nos
Aflitos e assinala o primeiro tento da partida. É GOL DO AMÉRICA! AMÉRICA 1X0
MADUREIRA/RJ. A partida continuou no mesmo ritmo e a torcida que se fazia
presente, empolgava-se com as bonitas jogadas armadas pelo meio campista
Julinho que brilhou naquela partida.
Poucos minutos antes do árbitro
Argemiro Félix dar o 1° tempo como encerrado, em uma bela arrancada do time
esmeraldino, a bola sobrou na entrada da área para Valdeque que chutou de forma
indefensável para o grande goleiro Princesa do time carioca, para aumentar a
vantagem. É GOL DO AMÉRICA! AMÉRICA 2X0 MADUREIRA/RJ. Com um bom placar
favorável aos pernambucanos, as duas equipes forma para o intervalo para
descansar e ouvir novas instruções de seus treinadores. No América, Dija saiu
para dar lugar a Guilherme, enquanto que no lado do tricolor carioca, Valter
entrou no lugar de Osvaldinho.
Ilustração de América do Recife x Madureira/RJ em 18 de janeiro de 1950 no Estádio dos Aflitos em Recife |
Vem o segundo e tempo e não
demorou muito para que em uma bela jogada armada por Valeriano, este se
desvencilhou da defesa carioca e não deu chances a Princesa. É GOL DO AMÉRICA!
AMÉRICA 3X0 MADUREIRA e a torcida pernambucana composta pela união das quatro
forças do estado vibravam nas arquibancadas do estádio do Náutico. A equipe
carioca não estava bem em campo e o Mequinha se aproveitou. Pouco depois foi a
vez de o grande jogador Isaías aumentar ainda mais a contagem no placar dos
Aflitos. É GOL DO AMÉRICA! AMÉRICA 4X0 MADUREIRA.
Jornal Folha da Manhã destacando a vitória sobre os cariocas no dia seguinte à partida |
O América do Recife recua com o
placar de 4x0 ao seu favor e dá permissão às investidas da equipe da Guanabara,
que aproveita a chance para descontar o placar por intermédio de Cardoso, que
fintou a marcação e tocou no canto de Amaury. AMÉRICA 4X1 MADUREIRA. O jogo
ficou morno e o Madureira queria deixar a Veneza Brasileira com um resultado menos
elástico e conseguiu já no final por meio de um belo gol do atacante Betinho.
AMÉRICA 4X2 MADUREIRA. A partida que se antecedeu a este grande jogo terminou
com vitória do time representativo do jornal Folha da Manhã por 3x1 contra o
Penarol e a renda obtida nesta quarta feira de futebol noturno no Recife, foi
de oito mil cruzeiros. As escalações das equipes do jogo América x Madureira
nos Aflitos naquele 18 de janeiro de 1950 foram as seguintes:
AMÉRICA:
Amaury;
Cido e Procópio;
Julinho, Dequinha e Astrogildo;
Isaías, Valeriano, Artur, Valdeque e Dija.
MADUREIRA/RJ:
Princesa;
Panzarielo e Rubens;
Arati, Hermínio e Mineiro;
Betinho, Canelinha, Cardoso,
Benedito e Osvaldinho.
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