1947
América Futebol Clube (PE)
campeonato pernambucano
Ilha do Retiro
Memórias Esmeraldinas
Moinho Recife
MEMÓRIAS ESMERALDINAS: América 3x1 Moinho Recife em junho de 1947
Memórias Esmeraldinas hoje
contará a história de uma partida do América do Recife contra um dos
adversários mais efêmeros da história do futebol pernambucano, o Moinho Recife.
Em 1947 falecia Henry Ford, criador da fábrica de automóveis Motor Ford Company,
o poeta espanhol José Luis Hidalgo, autor de obras como “Raiz” de 1943 e “Los animales
y Los Huertos” de 1946, o escritor baiano Afrânio Peixoto, autor de livros
como “Sinhazinha” de 1929 e “Despedida” de 1942. Nascia o
treinador de futebol uruguaio Oscar Tabarez (campeão da Copa América 2011 com a
equipe celeste), o ex-jogador Afonsinho, campeão da Taça Brasil de 1968 pelo
Botafogo-RJ e o ex-jogador holandês Johan Cruijff da encantadora Seleção
Holandesa de Futebol (Laranja Mecânica) da Copa do Mundo de 1974. Nesse mesmo
ano, estreava nos EUA o filme “Copacabana”,
uma comédia musical dirigida por Alfred Green e estrelada pela brasileira
Carmen Miranda. Também em 1947 é gravada pela primeira vez a música “Asa Branca” de Luiz Gonzaga e Humberto
Teixeira e ocorria a morte trágica de Frei Serafim, vítima do primeiro caso
registrado de ataque de tubarão na Região Metropolitana do Recife, sendo o fato
acontecido em frente à chamada “Igrejinha” do bairro de Piedade em Jaboatão dos
Guararapes.
Foto do Google Mapas mostrando à esquerda a Rua do Moinho e à direita a Rua São Jorge e entre as duas, o prédio onde funcionou o Moinho Recife |
O adversário do América nesta
edição das Memórias Esmeraldinas é o Moinho Recife Esporte Clube, time que
passou 11 anos em disputas amadoras antes de jogar o campeonato estadual e
mantido pela empresa Moinho Recife S/A. Esta empresa, surgida em 1914, foi
criada próxima ao Porto do Recife com a intenção de moer os grãos de trigo que
chegavam da Argentina e produzir a farinha de trigo tão necessária à fabricação
de pães, biscoitos e massas em geral. Ainda na década de 1930, o Moinho Recife
S/A foi comprado pelo Grupo Bunge e produziu farinha por muitos anos na área do
Recife Antigo. Quem estiver no marco zero da cidade pode conferir seguindo para
o norte pela Avenida Alfredo Lisboa que a 5ª entrada a esquerda chama-se Rua do
Moinho, antigo local de funcionamento da empresa. A maquinaria hoje pertence à empresa
Bunge Moinho presente no quilômetro 10 da Rodovia PE-60 no Complexo Industrial
Portuário de Suape. O Moinho Recife Esporte Clube disputou o campeonato de 1947
e uma pequena parte do campeonato de 1949, quando veio a se extinguir definitivamente
devido à falta de investimento.
Nota do Jornal do Commercio de 16 de junho de 1947 |
O Estádio da Ilha do Retiro
naquele dia 16 de junho de 1947 foi palco do jogo inaugural da última rodada do
turno eliminatório do campeonato pernambucano entre América e Moinho Recife.
Com o América já garantido para a disputa do primeiro turno, a partida teve
para os alviverdes uma cara de amistoso de preparação, enquanto que para os “Azulinos da Fábrica de Farinha” a
partida teria cara de decisão. O Moinho Recife, que era um time composto por
funcionários da empresa e por familiares, tinha apenas um ponto ganho e a
vitória contra o América, associada à derrota do Flamengo contra o Íbis que
jogariam no dia 19, derrubaria “Os Patativas” para a última colocação (seria
eliminado) e garantiria o time azul no primeiro turno do campeonato.
Ilustração de América x Moinho Recife pelo Campeonato Pernambucano de 1947 no Estádio da Ilha do Retiro |
A imprensa esportiva anunciava
que um fracasso de público, só não deveria ocorrer em virtude do clássico
Náutico x Santa Cruz que jogariam um pouco antes pela categoria de amadores com
a arbitragem do Sr. José Gaioso em caráter decisivo. Poucas pessoas
provavelmente presenciariam uma partida entre o já classificado América e o
muito provavelmente eliminado Moinho Recife, era o que diziam os jornais da
época. A partida América x Moinho Recife tem o seu início autorizado pelo Sr.
Batista da Conceição e o que deu a impressão nos primeiros minutos era que o
“Mequinha” iria golear impiedosamente o time azulino. Com Janjoca no lugar de
Oséas, o América logo aos cinco minutos abria o marcador numa bela jogada de
Ivaldir. É GOL DO AMÉRICA! AMÉRICA 1X0 MOINHO RECIFE. Antes do relógio do
árbitro da partida, o Sr. Batista da Conceição, alcançar os dez minutos, o
América voltava a mexer no marcador. Ivaldir mais uma vez recebe a bola e
dispara rumo à meta defendida pelo goleiro Aurino que nada pôde fazer. É GOL DO
AMÉRICA! AMÉRICA 2X0 MOINHO RECIFE e com direito a dois gols do atacante
Ivaldir.
Galego, zagueiro do América, em 1947 |
O alviverde de Casa Amarela recua
e passa a valorizar a posse de bola esperando uma reação do adversário que mais
parecia já estar entregue à derrota. Eis que de repente aos 40 minutos, numa
desatenção da zaga americana, o defensor Galego comete pênalti. O meio campista
Lobo do time do Moinho Recife foi para a cobrança e chutou firme no canto do
goleiro Amaury, descontando no placar. AMÉRICA 2X1 MOINHO RECIFE. O segundo
tempo foi uma partida extremamente desinteressante para o pequeníssimo público
presente à Ilha do Retiro, onde o América tocou a bola entre seus companheiros esperando
tempo passar. Perto do final do jogo, o atacante Julinho numa boa jogada pela
esquerda aumentou a vantagem dos alviverdes. É GOL DO AMÉRICA! AMÉRICA 3X1
MOINHO RECIFE e a partida minutos depois foi encerrada com mais uma boa vitória
americana.
Nota do Jornal do Commercio de 18 de junho de 1947 comentando a falta de empolgação da partida |
Com os resultados subsequentes da
rodada, que foram as vitórias do Sport e do Íbis contra Santa Cruz e Flamengo
respectivamente, o time Campeão do
Centenário terminou o turno eliminatório em quarto lugar, enquanto que o
Moinho Recife terminava sua primeira participação em campeonatos pernambucanos
num frustrante e eliminatório último lugar. O pequeníssimo público presente
gerador de uma renda de apenas 1.172 cruzeiros estava mais empolgado em ver a
preliminar, que na verdade, não aconteceu. Os segundos quadros de Náutico e
Santa Cruz foram a campo, mas o árbitro José Gaioso, muito menos o
representante da Federação Pernambucana de Desportos (FPD), José Clodoaldo,
compareceram. A presença de José Clodoaldo não era de extrema importância e
qualquer um dos atletas reservas de uma das equipes, poderia executar a função
de árbitro, entretanto, nenhuma das agremiações se moveu na intenção de
realizar a partida e simplesmente ela deixou de ocorrer. Vamos agora às
escalações das equipes da partida América 3x1 Moinho Recife em 16 de junho de
1947 no Estádio da Ilha do Retiro:
AMÉRICA:
Amaury;
Galego e
Seixas;
Arnaldo,
Capuco e Astrogildo;
Zezinho,
Julinho, Valdeque, Ivaldir e Janjoca.
MOINHO RECIFE:
Aurino;
Querrenca e
Valdemar;
Lobo, Apolinário e Zezé;
Alcides,
Amaro, Setenta, Lulinha e Lulu.
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