Recordando: Belfor Duarte no Recife.

Belfor Duarte em Recife (1915)

Entre os fatos memoráveis do futebol pernambucano no ano de 1915, um deles merece particular realce: a visita de João Evangelista Belfor Duarte *. O Diário de Pernambuco (5.8.1915), registrou sua presença no Recife e disse o motivo da sua vinda: "Acha-se entre nós o distinto "sportman" sr. Belfor , presidente da Comissão de Esportes da Liga Metropolitana do Rio de Janeiro, com o fim de congraçar os elementos esportivos não só da nossa capital como também de outras capitais no Norte e no intuito de fundar a Federação Nacional de Esportes. Diversos rapazes, empenhados pelo desenvolvimento do futebol entre nós, acham-se interessados junto àquele cavalheiro, para conseguir a vinda a esta capital de um "team" da 1ª divisão da liga para disputar alguns "matchs" com os nossos "players" quer nacionais quer estrangeiros. O simpático visitante hospeda-se no Hotel Parque e demorar-se-á aqui algum tempo, pois que pretende realizar uns "matchs" de futebol"

Ten. Henrique Jacques
O primeiro contato de Belfor Duarte no Recife foi com o presidente da nossa Liga, tenente Henrique Jacques, com o qual foi assistir um jogo amistoso entre os brasileiros e ingleses, no British Club. O visitante voltou empolgado com o avanço que nosso futebol já tomara e, a partir deste momento, iniciou as demarches para a vinda do América do Rio ao Recife.
No domingo, 9 de agosto, a convite da LSP, Belfor Duarte apitou o jogo Torre x João de Barros, segunda partida do primeiro campeonato promovido pela Liga, realizado no Dérbi. O anúncio pelos jornais que Belfor Duarte seria o árbitro, levou um grande público ao campo. "O ilustre visitante", como era tratado pelos jornais, deu um show de arbitragem, pelo que se conclui deste registro, feito "Jornal Pequeno": o Juiz, sportman, como quem mais o for, portou-se admiravelmente, de uma imparcialidade excepcional e outro não era de esperar seu proceder, dadas as qualidades finais de que é portador". O torre ganhou o jogo de 2x0. 
Quartel do Derbi
Na noite de 22 de agosto, Belfor Duarte foi homenageado pelo João de Barros Futebol Clube, em reunião de assembléia geral, cujos membros o saudaram debaixo de grande entusiasmo e manifestação de apreço. Ao final, ele foi distinguido com o título de "capitão honorário" do João de Barros. Em sua homenagem o clube pernambucano mudou seu nome para AMÉRICA FUTEBOL CLUBE.
À imprensa, o 1° secretário do clube, Luiz Acioli Lins, distribui o seguinte comunicado: "Ilmo. Sr. Redator - Comunico-vos que a assembléia geral extraordinária do João de Barros Futebol Clube, reunida no dia 22 de agosto p. passado, deliberou em nada modificará as atenções por V. Sa. dispensadas no antigo João de Barros, espero a continuação das mesmas para o América Futebol Clube.

* Ainda hoje a figura de Belfor Duarte é reverenciada pelos desportistas brasileiros, como exemplo de dignidade esportiva. O Conselho Nacional de Desportos, em 1945, fê-lo patrono da mais honrosa condecoração esportiva do país: o prêmio Belfor Duarte, atribuido aos atletas que se distinguiram pelo comportamento disciplinar exemplar. A ele é atribuída a criação da saudação dos jogadores à torcida; tradução pela primeira vez no Brasil, das regras do futebol em inglês para o português; Idealizado o campeonato de juvenis e, finalmente, sugerido a construção de um estádio central, onde todos os filiados jogassem. Em <O negro no futebol brasileiro>, Mário Filho considera-o primeiro técnico de fato em nosso futebol. Belfor Duarte era maranhense de São Luiz, nascido a 27 de novembro de 1883. Morreu a 27 de novembro de 1918, em Campo Belo, distrito de Resende, no pequeno sítio onde se instalara, traiçoeiramente assassinado devido a questões de posse de terra.

Texto extraído do livro História do Futebol em Pernambuco de Givanildo Alves (1998)

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