1916
América Futebol Clube (PE)
Campo do British Club
Memórias Esmeraldinas
Torre Sport Club
MEMÓRIAS ESMERALDINAS: América 3 x 2 Torre, em maio de 1916
Continuando a relatar os grandes feitos do clube mais amado da cidade do Recife, vamos abordar no dia de hoje não uma simples vitória, mas sim, a primeira vitória do América em campeonatos pernambucanos de futebol e ela veio no segundo ano de participação da equipe, ou seja, no ano de 1916. América e Torre se enfrentaram em 13 de maio, enquanto o continente europeu ardia com as chamas da Primeira Guerra Mundial. Vários fatores contribuíram para a eclosão deste conflito, entre eles a acirrada disputa comercial pelos mercados consumidores europeus e o descontentamento de Itália e Alemanha por não estarem lucrando como a França e Inglaterra devido que exploravam as riquíssimas colônias africanas, abundantes em ouro, diamantes e outros bens de alto valor comercial. O desejo vingativo da França de reconquistar do território da Alsácia-Lorena (rica em carvão e minério de ferro), que foi uma região perdida para os alemães na Guerra Franco-prussiana de 1870, também ajudou a tornar a Europa um grande barril de pólvora.
Dez milhões de mortes em quatro
anos de guerra e no final a Alemanha foi obrigada a assinar o Tratado de
Versalhes, o que arruinou a economia alemã fazendo surgir grupos organizados
com forte sentimento nacionalista de revanche e de reestruturação do país. Um deles foi o Partido Nazista
chefiado anos mais tarde por Adolf Hitler, pessoa que em fins da década de 1930 daria início a II
Guerra Mundial. Em 1916 nascia o futuro governador do estado de Pernambuco
Miguel Arraes e também o compositor e sambista carioca Silas de Oliveira, um
dos fundadores do Grêmio Recreativo Escola de Samba Império Serrano que tanto brilhou no carnaval carioca. Silas
de Oliveira é autor de vários sambas-enredo como “Pernambuco, Leão do Norte” em 1968 e “Aquarela Brasileira” em 1964.
Nota do Jornal Pequeno do Recife em 13 de maio de 1916 informando sobre a realização do jogo. |
Um belo dia de sábado em 1916 na
capital pernambucana era uma boa oportunidade para aqueles senhores com seus
ternos alinhados e as senhoritas como seus longos vestidos e chapéus de gosto
duvidoso, prestigiarem uma partida daquele esporte bretão que se implantara
definitivamente em Recife, válida pela segunda edição do campeonato. O palco
para tal atrativo foi o campo do British Club no bairro dos Aflitos e devido à
curiosidade do recifense, havia a expectativa de um bom público. Criado como
João de Barros Foot Ball Club, O América tentaria vencer uma equipe que já
possuía dois títulos de expressão no futebol pernambucano, que eram a Taça da
Liga Desportiva da Torre em 1911 e o troféu de campeão da Liga Suburbana de
1915.
As 13:45h começou a preliminar
que envolvia os segundos quadros de América e Torre no British Club com a
arbitragem do Sr. Smith, que registrou na partida o número alto de 12 faltas
apenas no 1° tempo, o que levou a imprensa a pedir que os atletas se
empenhassem mais no que diz respeito ao futebol bem jogado. O 2° quadro do América
era composto por Bidô no gol, Monteiro e Ayres na defesa, Faustino, Manoel
Campos e Moura no meio campo e por Sydney, Lobo, Carlito, Arnaldo e Maroujo no
ataque. Os rubros do Torre Sport Club em seu 2° quadro foram a campo com Cícero
no gol, Emílio e Adour na defesa, Mattos, J. Maria e Benjamim no meio campo e
Eduardo, Octávio, Reinaldo, Cletto e Marcionillo no ataque. O placar desta
preliminar foi o empate por 2x2, tendo o “Pica-pau” da Torre jogado melhor
futebol.
Ilustração de América 3x2 Torre em 13 de maio de 1916 no Campo do British Club no bairro dos Aflitos em Recife-PE |
Com o Sr. Forster sendo o árbitro
da peleja, a partida principal entre América e Torre teve início as 15:45h
depois de um aperto de mão entre os dois capitães, Rômulo Souza do América e
Mário Pinto do Torre. O “Mequinha” dá a saída de bola, mas o Torre logo a
recupera e tenta atacar de forma eficiente. Aos 5 minutos o Torre cobra um
escanteio e a bola chega ao seu atacante Alano que chuta para fazer o primeiro
gol da partida. América 0x1 Torre. O time do coração do então deputado Federal
Estácio Coimbra (governador entre 1926 e 1930) encurralou o América em seu
setor de defesa, levando o goleiro Tasso do América a evitar em três
oportunidades claras situações de gol do time rubro da Fábrica de Tecelagem da
Torre. Aos 9 minutos de jogo, em uma bola cruzada pelo lado esquerdo de ataque,
a pelota fica nos pés do atacante Salter que chuta sem chances de defesa para
Tasso e estava registrado o segundo tento do time rubro. América 0x2 Torre.
Os alviverdes melhoram o seu
desempenho e tentam em várias jogadas armadas pelo trio Licor-Rômulo Souza-Cleophas
para alimentar o ataque, mas sem sucesso. Até que aos 44 minutos ainda na
primeira etapa, o atacante esmeraldino, Karl faz belo lançamento para o
atacante Perey que não perdoa e desconta para o periquito. É GOL DO AMÉRICA!
AMÉRICA 1X2 TORRE e as equipes vão para o intervalo. O segundo tempo começa e logo no
início o atacante esmeraldino Frederico se machuca e dá lugar a Monteath. Aos
vinte minutos o mais destacado jogador do América, o meio-campista Rômulo Souza
cede a bola na frente para o atacante Karl que chuta para igualar o contagem no
campo do British Club. É GOL DO AMÉRICA! AMÉRICA 2X2 TORRE.
É GOL DO AMÉRICA! AMÉRICA 3X2 TORRE. Era o gol da virada do
América do Recife, que iniciava o certame de 1916 com vitória, conquistando o
primeiro triunfo em campeonatos estaduais. As equipe do América e do Torre,
também conhecido como “Madeira Rubra”, naquele 13 de maio de 1916 formaram com
as seguintes escalações:
AMÉRICA FUTEBOL CLUBE:
Tasso;
Manta e Octávio;
Licor, Rômulo Souza e Cleophas;
Perey, Victor, Pedro, Karl e Frederico
(Monteath).
TORRE SPORT CLUB:
Agripino;
Oswaldo e Lima;
Abelardo, Mario Pinto e Adolfo;
Charles, Alano, Salter, Louis e Barroso.
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