1952
América Futebol Clube (PE)
Auto Esporte/PE
Memórias Esmeraldinas
MEMÓRIAS ESMERALDINAS: América 1x1 Auto Esporte/PE, em 1952
As Memórias Esmeraldinas de hoje
viaja para o ano de 1952, mais precisamente para a data de 28 de setembro, dia
em que ocorreu a sétima rodada do Campeonato Pernambucano de Futebol e que
houve a partida que vamos destacar que é América x Auto Esporte do Recife. O
Ano de 1952 foi marcado no esporte pelo nascimento do treinador de futebol
Vanderlei Luxemburgo e também pelo nascimento do célebre jogador de futebol
camaronês Roger Milla, que surpreendeu o mundo com sua categoria futebolística
e levou pela primeira vez uma seleção africana as quartas de finais de uma copa
do mundo em 1990 na Itália.
Enquanto a imprensa televisiva,
pelas ondas da TV Tupi com seu Repórter Esso, ainda divulgava a repercussão do
falecimento de Evita Perón e o lamento do povo argentino, a imprensa
pernambucana por meio de seus jornais e rádios divulgava que aquele domingo dia
28 de setembro de 1952 era dia de futebol na capital pernambucana. A partida
isolada daquele domingo a acontecer na Ilha do Retiro fazia parte do
complemento da rodada que havia se iniciado durante a semana com uma vitória do
América frente ao Íbis e uma vitória do Náutico em cima do Great Western.
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Folha esportiva do Jornal do Commercio de 29/09/1952 destacando a partida do América. |
O América dividia a segunda
colocação do campeonato com o Santa Cruz, ambos com oito pontos ganhos, um a
menos que o líder Náutico e a vitória em cima do Auto Esporte do Recife, quinto
colocado com cinco pontos, significaria a liderança. Se por um lado, os
alviverdes vinham de quatro vitórias seguidas (Great Western, Sport, Santa Cruz
e Íbis), o “Time dos Motoristas” como era chamado o Auto Esporte, vinha de uma
derrota muito cara frente ao Náutico pelo placar de 1x0 e só pensava em
reabilitação.
O alviverde da Estrada do Arraial
vinha com uma única mudança com relação à equipe que venceu o “Pássaro Preto”,
que era a estreia do defensor Jorge, vindo do futebol do Rio de Janeiro e
atleta que também era disputado pelo Santa Cruz, tendo o América levado a
melhor em sua contratação. Enquanto isso o time dos Motoristas vinha com a
entrada de João do Vale no lugar de Guaberinha no ataque. A Federação
Pernambucana de Desportos com a concordância de ambas as partes, indicou o Sr.
Jimenez Molina como o árbitro do jogo. Para aqueles mais supersticiosos, a
derrota do América por 3x2 para os celestes na preliminar (categoria de juniores) eram um indício de algo amargo
poderia ocorrer na partida principal.
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Jornal do Commercio no dia da partida destaca a importância do confronto bem como a estreia do carioca defensor Jorge. |
A partida é iniciada com o apito
de Jimenez Molina e os primeiros minutos de jogo o que se pode constatar foi o
equilíbrio entres as equipes. O Auto Esporte mostrava o bom desempenho já
conhecido de sua defesa, a menos vazada até então e o América não iniciou
pressionando o adversário como tinha feito nos últimos jogos. Logo aos sete
minutos do primeiro tempo, o atacante Tidão dos celestes encontra João do Vale
pela esquerda sem marcação adequada e lhe faz o passe de bola. João do Vale sem
perder tempo domina a pelota e dá um tiro certeiro no canto esquerdo do goleiro
Zé Paulo do América e abre o placar na Ilha do Retiro. América 0x1 Auto Esporte
do Recife.
O gol do adversário acordou o
América que avançou para cima do Auto Esporte como uma fera, mas não esperava
que outro jogador fosse se tornar o destaque: o goleiro Espanhol. O América
realizou no primeiro tempo diversas investidas ao ataque, mas todas sem
sucesso, valendo destacar três defesas magistrais do goleiro Espanhol do Auto
Esporte, daquelas defesas que leva o torcedor a por as mãos na cabeça. O Até
então desconhecido arqueiro da meta alvi-celeste se tornou o nome do primeiro
tempo e agiu como uma muralha a qual os atacantes americanos teriam sérios
problemas para vencê-lo, tanto que o primeiro tempo terminou com a vitória do
Auto Esporte pelo placar de 1x0 graças a Espanhol que evitou uma fácil vitória
do América.
O Campeão do Centenário voltou
para o segundo tempo sem se impor do mesmo jeito que fez na primeira etapa e
aproveitando-se disso, o Auto Esporte se lançou para frente encurralando o
América em sua defesa. A torcida americana nas arquibancadas da Ilha do Retiro
já mostrava preocupada com o indesejável desempenho do quadro esmeraldino em
campo e protestava com veemência na intenção de fazer os jogadores acordarem
para a partida e evitarem uma surpreendente derrota. Em um lance de ataque do
time azul, houve um jogador que ao recuperar a bola e chamou a responsabilidade
para si. Seu nome: Macaquinho!
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Ilustração de América 1x1 Auto Esporte do Recife em setembro de 1952. |
Ao recuperar a bola na defesa
americana, Macaquinho percebeu a defesa do Auto Esporte praticamente na linha
divisória de campo, tamanha era a pressão em cima de seus companheiros de
América. O relógio do árbitro marcava os 40 minutos de bola rolando. Macaquinho
olhou para as arquibancadas e viu nos olhos de cada torcedor americano presente
naquela tarde de domingo no Estádio Adelmar da Costa Carvalho que aqueles
torcedores ali presentes já tinham em suas casas muitos problemas e a derrota
do América não poderia ser mais uma. Em nome de todos aqueles que
estavam a gritar no alambrado de estaca e arame farpado tentando empurrar os
alviverdes a um resultado diferente da derrota, Macaquinho colocou a chuteira
em cima da bola, olhou para a meta quase intransponível do goleiro Espanhol e
pensou: a hora do empate é agora! O atleta Hamilton como que quase por
telepatia percebera a intenção de seu companheiro de clube e rapidamente pediu
a bola ao se desvencilhar de seu marcador que ainda tentou, mesmo que de
maneira desleal, impedi-lo de correr.
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Espanhol, goleiro do Auto Esporte Clube salta para fazer uma grande defesa: uma constante na partida. |
Macaquinho enxerga a escapada de
Hamilton e lhe dá um passe com categoria destacada e com fé de que aquele era o
momento de reagir na partida. Hamilton domina a pelota e dispara com velocidade
rumo à meta de Espanhol que se colocava em posição de efetuar nova defesa. Como
se guardasse toda a sua força para aquele momento, Hamilton corre mais que a
defesa celeste e de frente com o arqueiro adversário, dá um toque certeiro no
canto de Espanhol que se esticou como se fosse elástico, mas a bola foi
milimetricamente onde ele não poderia alcançar de forma alguma. É GOL DO
AMÉRICA! AMÉRICA 1X1 AUTO ESPORTE e os jogadores do América comemoram aquele
início de reação. Abraçado com Hamilton que lhe agradecia pelo passe de bola
fornecido, Macaquinho olhava para a torcida e sentia a emoção de cada coração
verde e branco que batia naquele momento nas arquibancadas e sentia como nunca
o orgulho de envergar aquela camisa marcada pelo verde da esperança.
Ainda faltavam alguns poucos
minutos para o fim do embate e ambas as equipes se lançam para o ataque em uma
alternatividade de lances emocionantes. Em um ataque do auto Esporte a bola vai
quase rente à trave, mas brilha a estrela do goleiro Zé Paulo que pula no canto
como se fosse a última bola do mundo e desvia para que a defesa americana
retire-a de perto.
No lance seguinte, novo ataque do América, naquele que seria
o último lance da partida, Dario acerta um balaço, mas Espanhol se atira no
chão para desviá-la de sua meta e evitar a derrota. Trila o apito do árbitro
Jimenez Molina e o jogo acaba empatado em AMÉRICA 1X1 AUTO ESPORTE. Um bom
público compareceu à Ilha para assistir a partida que gerou uma renda de 23.860
cruzeiros. As escalações de ambas as equipes
forma as seguintes:
AMÉRICA: ZÉ PAULO; DECADELA E
JORGE; PEDRINHO, TOMIRES E ASTROGILDO; ISAÍAS, HAMILTON, MACAQUINHO, NECA E
DÁRIO.
AUTO ESPORTE: ESPANHOL; CARCARÁ E
ARLINDO, SILVA, LUCAS E EUCLIDES; TIDÃO, JORGINHO, AMARO, GERALDO E JOÃO DO
VALE.
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