Sport foi buscar no estrangeiro reforços para barrar seu rival

Texto retirado do quinto fascículo do "Paixão Traduzida em Cores" do Diário de Pernambuco, publicado em 11 de Maio de 2009
A briga pela conquista do título de 1918 estava feroz. De um lado, o América pretendia interromper a série de títulos do Sport e impedir a posse definitiva da taça oferecida ao campeão. Ficava de vez com o troféu o clube que se sagrasse campeão três vezes consecutivas. Do outro lado o Sport queria. A todo custo, conquistar o tri-campeonato e ficar com a taça para sempre. Sport e América eram os favoritos na luta pelo título máximo. Comparando as forças, o Sport percebeu que o América parecia mais forte e tratou de buscar novos jogadores para melhorar sua equipe. Ao procurar jogadores no Rio de Janeiro e em São Paulo, constatou que aqueles mercados não dispunham de craques que pudessem ser transferidos para Pernambuco por já haverem disputados jogos nos campeonatos daqueles Estados. Era assim as regras da época. De Montevidéu para o Sport – Assim, numa atitude ousada, os rubro-negros mandaram buscar, às pressas, no Uruguai, o extraordinário center-foward Pedro Mazzullo. O objetivo era ganhar do América. Para cumprir a exigência do regulamento, o jogador precisaria chegar ao Recife pelo menos sessenta dias antes do jogo contra o América, a ser disputado no dia 21 de julho. E assim partiu de Montevidéu aquele jogador, no dia 13 de maio, chegando ao Rio de Janeiro em 17, às 6 horas da manhã. Para chegar a tempo, teve de embarcar no mesmo dia às 10 horas no vapor Brazil chegando a Maceió, no dia 21, pela manhã. Givanildo Alves, na “História do Futebol em Pernambuco”, conta que, “os dirigente do clube rubro-negro mandaram o navio queimar carvão, por conta deles, a fim de que o BRAZIL acelerasse suas máquinas para chegar a Maceió no dia previsto. Era época de guerra e os navios da costeira, por medida de economia, só queimavam lenha”. Para ele poder jogar contra o América, no dia 21 de julho, era preciso estar no dia 21 de maio em território pernambucano. Mas como, se o Brazil teria de se demorar no ponto de Maceió? Os dirigentes do Sport agiram com uma argúcia extraordinária. Enviaram um emissário àquela cidade para esperar o jogador e alugaram o automóvel da Great Western, que poderia vir mais ligeiro que o trem. Tomadas todas as providências legais, Pedro Mazzullo ficou regularizado para o encontro com o América no jogo do dia 21 de julho. O América x Sport da estréia de Pedro Mazzullo foi aguardado com entusiasmo, porque indicaria quem iria desgarrar na corrida pelo título. O América foi impiedoso. Venceu por 6 x 1. Naquele dia, quem foi a campo ver o uruguaio Pedro Mazzullo, viu o pernambucano Zé Tasso, autor de 3 dos 6 gols do América. O gol do Sport foi marcado por um jogador “importado”: Benedicto Fernandes. Depois da chegada de Pedro Mazzullo, o Sport trouxe outro uruguaio para reforçar seu time. O novo reforço foi Antonioo Mazzullo, center-half, irmão de Pedro Mazzullo. Pedro, o center-foward, era também conhecido como Mazzullo I, e Antonio, o center-half, o Mazzullo II. A estréia de Antonio Mazzulo, em jogos do Campeonato Pernambucano foi no dia 1 de setembro de 1918, contra o Náutico. Felipe Perez e Luiz Salermo no América: Felipe Perez, também chamado de Perez II, tinha função de atacante e ingressou no América para disputa do campeonato em 1919. Era irmão de Antonio Perez. Foi campeão em 1919 e começou a disputar o campeonato em 1920 do qual o América se retirou. Salermo também chegou para o América em 1919, para reforçar o time na luta do bicampeonato. Era jogador de armação e defendeu a equipe alviverde até quando o América, em desacordo com a mentora, retirou-se do Campeonato Pernambucano de 1920. O América, naquela oportunidade era um time muito forte. Tanto que quando voltou às disputas do campeonato, abiscoitou os títulos de 1921 e de 1922. Este último, por sinal, é que tornou o América conhecido como Campeão do Centenário, por ser 1922 o ano do centenário da Independência do Brasil. É muito provável que o América tivesse sido o primeiro pentacampeão pernambucano, caso não tivesse se desentendido com a Liga, a Federação Pernambucana da época. Como chegamos ao profissionalismo A importação de jogadores trouxe consigo um efeito colateral. Começaram a surtir jogadores da casa que recebiam dinheiro para jogar. Era o chamado amadorismo marrom. Em 1920, a lista de jogadores suspeitos de receberem dinheiro para jogar não era pequena. Pelo Sport: Mário Franco, Alarcon, Benedicto Fernandes e Nestor Cruz. Pelo América: Francisco Bermudes, Alexi, Luiz Salermo, Nozinho, Antonio Perez e Felipe Perez. Pelo Torre: Manoel Carvalhal, conhecido como Roxura. Foi travada uma luta entre os defensores do amadorismo puro e os que aceitavam e apoiavam o falso amadorismo. Foram criadas regras para combater o pagamento a jogadores, mas as regras continuavam sendo burladas. Em 1923, o profissionalismo foi introduzido no Rio de Janeiro e, como então a Capital Federal servia de referência para todo o Brasil, Pernambuco também se rendeu aos fatos. Assim, em 1937, tivemos a primeira inscrição oficial de um jogador profissional na Federação Pernambucana de Desportos. O clube que fez a primeira inscrição foi o Central. A data de inscrição foi 27/06/1937. O jogador foi Luiz Zago.

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