Belfort Duarte visita o Recife e faz João de Barros mudar de nome

Texto de Lenivaldo Aragão, retirado do Fascículo 4 do Paixão Traduzida em Cores, publicado no dia 04/05/2009 no Diário de Pernambuco. O ano de 1915 foi movimentadíssimo em Pernambuco. Como já vimos, realizou-se o primeiro Campeonato Pernambucano, levantado pelo Flamengo. Foi, aliás, o único título conquistado pelo clube alvinegro, há muito tempo extinto. Em agosto, chegava ao Recife o desportista maranhense radicado no Rio de Janeiro João Evangelista Belfort Duarte. Viajava com o propósito de manter intercâmbio, dando os primeiros passos, em vários Estados, para se criar uma entidade nacional que reunisse os clubes e ligas do País, hoje federações, como acontece com a atual CBF – Confederação Brasileira de Futebol. Belfort tinha sido campeão carioca pelo América em 1913 e havia traduzido as regras do futebol inglês para o português, facilitando com isso a vida dos árbitros brasileiros. A maioria, sem falar o idioma da Inglaterra, tinha que recorrer a tradutores para melhor entender as leis do jogo. Carismático e gozando de imenso prestígio, Belfort atraiu todas as atenções em torno de sua pessoa, tendo sido alvo da fidalguia e de várias homenagens dos pernambucanos. Os jornais noticiaram sua presença no Recife, tratando-o por ilustre visitante. A primeira autoridade com que ele manteve contato foi o presidente da Liga Sportiva Pernambucana, o tenente da Marinha Henrique Jacques, acertando uma temporada do América carioca no Recife ainda naquele ano. A equipe rubra da então Capita Federal seria a primeira equipe de outro Estado a jogar no Recife. A notícia despertou muito interesse, tendo chegado a agitar o ambiente futebolístico da capital pernambucana. Negócio fechado para novembro. Poucos dias depois de sua chegada, Belfort, que também desempenhava a função de juiz de futebol, foi convidado a dirigir um jogo ainda incipiente Campeonato Pernambucano. O convite foi aceito, e sua presença a frente do encontro Torre x João de Barros, no dia 9 de Agosto, na Campina do Derby, atraiu um grande número de torcedores. Finalmente, não era todo dia que gente de fora pintava no pedaço, no futebol pernambucano. Vitória do Torre por 2 x 0, tendo sido a arbitragem bastante elogiada pelos jornais. O fato mais marcante da estada de Belfort Duarte em Pernambuco foi a homenagem que o João de Barros lhe prestou. Foi recebido em sessão solene pelos diretores e associados daquele clube que lhe concedeu titulo de capitão honorário. Ao agradecer a honraria, Belfort sugeriu a mudança do nome do João de Barros para América Futebol Clube, no que foi atendido. Sua proposta foi aprovada ananimentemente pela Assembléia Geral. Nos dias seguintes, o ex-João de Barros, agora América mandava ofício à Liga, colocando-a par dessa decisão. O nome original do João de Barros tinha ligação com a Estrada João de Barros, hoje Avenida João de Barros, onde o clube havia sido fundado.

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