Alviverde reforça-se mais e levanta Bicampeonato

Texto retirado do Fascículo 4 do Paixão Traduzida em Cores, publicado no dia 04/05/2009 no Diário de Pernambuco.
Campeão em 1918, com reforço dos paulista Alexi, Bermudes e Antonio Perez, o América Futebol Clube continuava a receber críticas dos seu concorrentes. Estes combatiam a presença de jogadores de fora em qualquer equipe que estivesse disputando o Campeonato Pernambucano. O regime era de puro amadorismo. A importação de atletas tornava-se uma grande deslealdade, alegavam dirigentes de Santa Cruz, Náutico, do novato Varzeano e Torre. Com essas importações, o Alviverde colocava-se num nível superior em relação aos demais participantes do campeonato. O América, porém, não estava nem aí. Além dos três reforços que haviam disputado o campeonato anterior, o Periquito trouxe ainda, para 1919, Felipe Perez, irmão de Antonio Perez, e Salermo. Portanto, meio time de jogadores importados, contrariando todos. Os protestos eram estendidos ao Sport, que usava do mesmo expediente. América e Sport alegavam que agiam dentro da legalidade, pois o enxerto era permitido. Que os demais clubes fizessem o mesmo. Na realidade, nada existia no regulamento do certame que combatesse a inclusão de jogadores de outros centros futebolísticos na equipes recifenses. O que fez para evitar que o reforço fosse contratado em cima da hora de uma decisão, por exemplo, foi estabelecer um prazo. O jogador que viesse de fora, teria que respeitar um período mínimo de 60 dias antes de entrar em ação. Estabelecida a “lei do estágio”. Já que não era proibido por que não tirar proveito da situação? Era assim que raciocinavam os dirigentes Alviverdes. Agindo dessa forma, o América dividia com o Sport a liderança do futebol pernambucano. Eram os colecionadores de títulos, que ganhavam seguidamente, enquanto os outros se esforçavam e não chegavam lá. Fora da dupla, apenas o Flamengo, isso na primeira edição do campeonato. Depois daquela façanha, o Alvinegro não teve a gloria de beber o champagne da taça reservada ao campeão. Para os concorrentes de alviverdes e rubro-negros, o poder econômico é o que fazia a diferença. Por essa razão, todos voltavam-se contra a aquisição de atletas de Estados onde o futebol estava adiantado. Só uma derrota – Indiferente às críticas, o América foi cuidando de dar tratos à bola. Começou a remover os obstáculos que surgiam à sua frente. Como só houve oito concorrentes, e o campeonato teve apenas um turno, o campeão de 1918, agora lutando pelo bicampeonato caminhou lépido e fagueiro ao longo do certame. Perdeu apenas um jogo, justamente para o Sport que, como ele, trazia jogadores de fora, principalmente para as decisões. Logo de saída, uma goleada por 5 x 2 no Santa Cruz, o que queria dizer que o campeão pernambucano estava em ótimas condições de batalhar pelo bicampeonato. No decorrer da campanha, as equipes do Varzeano e do Torre também foram vítimas da volúpia de gols de Zé Tasso e seus companheiros, pois igualmente foram goleados. Em se tratando do campeão, cresceu o interesse dos outros times em derrotar o América. Sempre é assim. A equipe que está em evidência é o inimigo a ser batido. Mas os companheiros do artilheiro Zé Tasso iam tirando de letra até a consagração final, quando a conquista do segundo título de campeão e do primeiro bicampeonato foi efusivamente comemorado pela torcida e pelos jogadores americanos. No dia 23 de novembro, ao realizar sua sétima e última partida na competição, derrotando o Torre por 5 x 0, o América sacramentava a conquista para o vice-campeão Sport, e coroava sua tranqüila caminhada no certame que reunia as melhores equipes do futebol pernambucano. Foi bom esperar - o árbitro do jogo em que o América sagrou-se o segundo bicampeão pernambucano, igualando o feito do Sport em 1916/17,foi o Dr. João Lacenda, Antonio Perez um dos importados, constitui-se na grande figura do encontro, marcando quatro gols. Zé Tasso completou a goleada. América (Bicampeão): Salgado; Alex e Ayres; Rômulo, Bermudes e Soares; Felipe Perez, também chamado de Perez II, Zé Tasso, Antonio Perez e Lapa. Torre: P. Ramos; Arthur e Romeu; Austragésilo, Roxura e Paulino; Arlindo, Osvaldo, Alemão, Hermógenes e A. Lins. Jogadores e torcedores do América festejaram a conquista de seu segundo troféu no Campeonato Pernambucano naquele 23 de novembro. Torcedor tem o direito de comemorar quando e como bem entender, porém o clube terve que esperar algum tempo para ser proclamado bicampeão pernambucano.Náutico e Varzeano protestaram junto à Liga Sportiva Pernambucana, alegando tratar-se uma injustiça clubes recifenses, no caso o próprio América e o Sport, recorrerem a jogadores de outros Estados. Por causa dessa pendenga, a Liga só em 13 de dezembro veio a declarar o América campeão de 1919. Todavia, a torcida americana não tinha mais o que festejar, uma vez que o carnaval já tinha feito.

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