1918
América Futebol Clube (PE)
campeonato pernambucano
Clube Náutico Capibaribe
Memórias Esmeraldinas
Ponte D'Uchôa
MEMÓRIAS ESMERALDINAS: América 10 x 1 Náutico em abril de 1918
Jornal Pequeno do dia 27 de abril de 1918. |
Nasciam o cineasta Ozualdo
Candeias (diretor de filmes como “A Margem”
de 1967 e “Caçada Sangrenta” de
1974), o ator norte-americano Robert Preston (ator em filmes como “Legião de Heróis” de 1940 e “A Conquista do Oeste” de 1963), a atriz
Célia Biar (atriz nos filmes “Caiçara”
de 1950 e “As Cariocas” de 1966), o
físico norte-americano Frederick Reines (vencedor do prêmio Nobel de Física de
1995), o físico norte-americano Richard Feynman (vencedor do prêmio Nobel de
Física em 1965) e o piloto automobilista italiano Alberto Ascari (campeão da
Fórmula 1 em 1952 e 1953). Faleciam o político jaboatonense Francisco do Rego
Barros Barreto (senador imperial entre 1871 e 1889) e o velocista escocês Henry
Macintosh (medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1912 em Estocolmo na Suécia).
Alguns sucessos musicais foram “Coração
que Implora” com José Ribas, “Porque
eu fui Poeta“ com Vicente Celestino e “Quem
São Eles?” com Bahiano.
Nota do Jornal Pequeno do dia 27 de abril de 1918 sobre o jogo América x Náutico. |
A quarta edição do campeonato
pernambucano de futebol aconteceu sob a fórmula dos pontos corridos pela
primeira vez, ou seja, o campeão seria a equipe que ao final das rodadas
somasse mais pontos. No dia 28 de abril de 1918, o recifense aguardava ansioso
pelo confronto entre o América e o Náutico a se realizar no Campo da Ponte
D’Uchôa no bairro das Graças, colocando frente a frente, os alviverdes, que
vinham de desempenhos razoáveis nos anos anteriores, contra os alvirrubros, que
em 1916 e 1917 jogaram na divisão inferior, portanto, seria a estreia do
Náutico na primeira divisão de Pernambuco. Com o campeonato unificado em função
da desistência do Casa Forte e do Paulista, findaria o sistema de divisão em
série A (com os tradicionais América, Santa Cruz, Flamengo, Torre e Peres) e
série B (com os novatos Sport, Náutico, Casa Forte e Paulista), no qual os primeiros
de cada série, disputavam uma final em busca do título de campeão pernambucano. O América não poderia contar
naquela partida com o goleiro Hossel, que poucos dias antes teve que viajar
para o Rio de Janeiro e por causa disto, Lopes seria o substituto e atuaria
tanto no jogo preliminar entre os segundos quadros, como também no jogo
principal, enquanto que, o Náutico tinha como novidade, a presença do zagueiro
Barbosa Lima (ex-Torre) em seu elenco principal, homem que anos mais tarde seria
um dos políticos mais influentes do estado e governador de Pernambuco eleito em
1948. O Sr. Gastão Bonfim foi o árbitro que apitou o embate entre os segundos
quadros de América e Náutico, iniciado às duas da tarde e que terminou com
vitória americana por 4x0 com gols de Ayres, Lapa duas vezes e Dubeaux. O
América de Lopes; Ayres e Fred; Licor, Zé Tasso e Town; Lapa, Dubeaux, Jorge
Tasso, Mather e Hogges venceu a preliminar contra o Náutico de Nélson; Garcia e
Agnaldo; Carlos, Davino e Sylvio; Adour, Adamastor, Chico Lopes, Francês e
Máximo.
Ilustração de América x Náutico no campo da ponte D'Uchôa pelo Campeonato pernambucano de 1918. |
Finalmente chegava a hora da
partida principal. Às 4h a bola começou a rolar no gramado do Campo da ponte
D’Uchôa sob a arbitragem do Sr. Alcindo Wanderley e com a presença de um grande
público, sobretudo, mulheres, o clube alvirrubro deu a saída de bola com o
atacante Ivan e logo no primeiro minuto, ele fez um grande passe de bola para
Nadu, que perdeu a bola para o zagueiro Alexi do América. Aos 3 minutos, os
americanos foram ao ataque com Zé Tasso, porém, este perdeu a pelota frente ao
defensor Barbosa lima, que afastou o perigo. Amarão pegou a bola gerando
perigoso contrataque e lançou a esférica para Bibi, todavia, em posição de
impedimento, bem marcado pelo árbitro. Aos 6 minutos Zé Tasso apareceu mais uma
vez e puxou sua equipe para o ataque fazendo belo passe para Sigismundo, que
devido à forte marcação de Barbosa Lima, perdeu a bola e o goleiro Nélson do
Náutico a agarrou. O jogo estava equilibrado até que aos 8 minutos o atacante
Karl tocou para Montheath e este de muito longe mandou o torpedo para abrir o
marcador na Ponte D’Uchôa. É GOL DO AMÉRICA! AMÉRICA 1X0 NÁUTICO. Os garotos de
Rosa e Silva começaram a cair de produção e aos 16 minutos, o atleta Soares
cruzou a bola para Sigismundo e ele não desperdiçou. É GOL DO AMÉRICA! AMÉRICA
2X0 NÁUTICO.
Jornal Pequeno de 30 de abril de 1918. |
O “The Green Team” começou a mandar no primeiro tempo e viu Sigismundo
tocar para Karl, que tocou para Soares, que tocou para Montheath, mas este
atleta estava impedido, de acordo com o juiz Alcindo Wanderley. Aos 21 minutos,
o meio-campista Robinson (capitão do América e mais experiente, com 35 anos de
idade) lançou a bola para o companheiro Zé Tasso, que de frente com o arqueiro
Nélson, tocou no canto esquerdo para ampliar a vantagem. É GOL DO AMÉRICA!
AMÉRICA 3X0 NÁUTICO. Dois minutos mais tarde foi a vez de Rômulo levantar a
bola no peito de Karl, que a dominou e sem deixar cair no chão mandou para o
fundo das redes adversárias. É GOL DO AMÉRICA! AMÉRICA 4X0 NÁUTICO. Sete
minutos mais tarde, o zagueiro Ayres cruzou a bola de forma rasteira para os
pés de Soares, que se encontrava perto da marca do pênalti, e chutou no canto
direito de Nélson, que nada pôde fazer. É GOL DO AMÉRICA! AMÉRICA 5X0 NÁUTICO e
assim terminou a primeira etapa do jogo. Os alviverdes voltaram para o
segundo tempo para entrarem na história, aproveitando a segunda tarde mais
infeliz da história do clube do bairro dos Aflitos (a primeira é melhor nem
comentar) e aos 9 minutos, Zé Tasso tocou para Sigismundo na pequena área
ampliar a vantagem. É GOL DO AMÉRICA! AMÉRICA 6X0 NÁUTICO. Possíveis discussões
no intervalo fizeram os atletas do Náutico não fazerem força para evitar o
vexame e aos 11 minutos, Soares cruzou para Zé Tasso marcar mais um. É GOL DO
AMÉRICA! AMÉRICA 7X0 NÁUTICO. Três minutos depois, Robinson cobrou a falta na
cabeça de Montheath e ele não desperdiçou. É GOL DO AMÉRICA! AMÉRICA 8X0
NÁUTICO. O gol de honra dos alvirrubros aconteceu aos 16 minutos, quando o meia
Gravy tocou para Ivan, que tocou no canto esquerdo de Lopes. AMÉRICA 8X1
NÁUTICO.
Nota do Jornal Pequeno de 30 de abril de 1918. |
Quatro minutos depois, apareceu a
figura do meia Bermudes, que cruzou a bola para Soares mexer no placar do jogo,
que beirava o absurdo. É GOL DO AMÉRICA! AMÉRICA 9X1 NÁUTICO. Ainda tinha vaga
para mais e por isso, aos 26 minutos, o jogador Karl deu grande passe de bola
para o craque Zé Tasso, que de fora da área mandou no canto de Nélson. É GOL DO
AMÉRICA! AMÉRICA 10X1 NÁUTICO. Com um placar tão elástico, ficou visível que a
ganância por mais gols, não seria bom para nenhum dos dois clubes e nem para o
bem do futebol pernambucano, sem falar que, o público poderia se sentir menos
motivado a comparecer aos jogos seguintes e o América se postou na defesa com
todos os seus atletas. Antes do término, o Náutico teve uma grande chance de
descontar aos 35 minutos no chute de Nadu, que forçou Lopes a fazer grande
defesa e depois aos 40 minutos, quando o desportista Oliveira chutou de fora e
a bola passou raspando as traves defendidas pelo arqueiro esmeraldino. Antes do
título de campeão de 1918, o América ainda viria a golear tanto o Torre, quanto
o Sport, ambos pelo placar de seis gols a um.
AMÉRICA:
Lopes;
Ayres e Alexi;
Rômulo, Bermudes e Robinson;
Karl,
Sigismundo, Zé Tasso, Montheath e Soares.
NÁUTICO:
Nelson;
Barbosa Lima e Guilherme;
Oliveira, Bibi e Gravy;
Amarão, Amarinho, Lopes, Ivan e Nadu.
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