MEMÓRIAS ESMERALDINAS ESPECIAL: América 3x0 Náutico em fev-45 (AMÉRICA CAMPEÃO 1944!)

Jornal Pequeno de 17 de fevereiro de 1945 noticiando sobre o clássico
Neste ano nascia o físico japonês Makoto Kobayashi (vencedor do prêmio Nobel de física em 2008), o ator cearense José Wilker (ator na novela “Cavalo de Aço” de 1973 e no filme “O Homem da Capa Preta” de 1986), o ator holandês Rutger Hauer (ator em filmes como “A Nação do Medo” de 1994 e “Abelhas: Ataque Mortal” de 2001), o ator mexicano Carlos Villagrán (o “Quico” do seriado Chaves), o ex-jogador Pepeta (campeão amazonense em 1969 com o Nacional/AM), o ex-jogador Jairzinho (campeão brasileiro de 1968 com o Botafogo/RJ e da Copa do Mundo de 1970 com a Seleção Brasileira), o ex-jogador Ferenc Bene (campeão olímpico de 1964 com a seleção da Hungria), o cantor pernambucano Reginaldo Rossi (famoso pela música “Garçom” de 1987 entre outras) e o músico Jimmy Page (ex-guitarrista da banda de rock Led Zeppelin). Falecia o físico britânico Charles Barkla (vencedor do prêmio Nobel de física em 1917), a atriz norte-americana Mildred Harris (atriz em filmes como “Mocidade Audaciosa” de 1928 e “O Filho do Corsário” de 1926), o ex-jogador peruano Alejandro Villanueva (defendeu a Seleção Peruana na Copa de 1930) e o ex-jogador Gambarotta (campeão paulista de 1928 com o Corinthians e campeão baiano de 1931 com o Bahia). As músicas mais tocadas das rádios eram “Atire a Primeira Pedra” com Orlando Silva, “Cecília” com Gilberto Alves, “Como os Rios que Correm Para o Mar” com Orlando Silva, “Falsa Baiana” com Ciro Monteiro, “Iracema” com Jorge Veiga, “Algodão” com Sílvio Caldas e “Maria Betânia” com Capiba.

Ilustração de América x Náutico no Estádio da Ilha do Retiro pela final
do campeonato pernambucano de 1944
O sexto título de campeão pernambucano do América veio no dia 18 de fevereiro de 1945, num grande clássico contra o Náutico. Os alviverdes venceram o primeiro turno no dia 11 de junho de 1944 após uma retumbante vitória contra o Portela de Jaboatão por três gols a zero, enquanto que, os alvirrubros venceram o segundo turno por antecedência após baterem o Great Western por três gols a um em 19 de agosto e também o terceiro turno, no dia 21 de janeiro de 1945 após empate de 1x1 contra o Sport. Era comum o campeonato de um ano terminar no seguinte. De acordo com o regulamento, as equipes jogariam uma partida-extra no dia 28 de janeiro de 1945, na qual, saindo como vitorioso o clube de Rosa e Silva, este seria declarado campeão, pela vantagem de ter conquistado mais turnos que o América. 

Foto do Diário de Pernambuco de 20/02/1945 com o time do América,
campeão pernambucano de 1944. O sexto título esmeraldino.
Houve empate com um gol para cada lado (com Edvaldo do Náutico perdendo pênalti) e uma nova partida-extra foi marcada, desta vez para o dia 04 de fevereiro e mais uma vez, uma simples vitória seria o suficiente para a taça de campeão ir para os Aflitos. O América venceu bravamente por 3x2. Agora o Náutico (vencedor de dois turnos) e o América (vencedor de um turno e da “extra”) se encontravam em situação de igualdade, portanto, o título teria que vir após um play-off de três partidas, no qual seria campeão quem mais pontuasse. A primeira partida do play-off ocorreu em 09 de fevereiro e a vitória foi esmeraldina pelo placar de 2x0, logo, uma nova vitória americana encerraria a série “melhor de três” e o título iria para Casa Amarela. O Estádio da Ilha do Retiro contava com um número grande de espectadores naquele domingo dia 18 e quem chegasse mais cedo, poderia acompanhar a partida válida pela Liga Suburbana entre Moinho Recife e Tacaruna que se enfrentariam na preliminar. Quando o árbitro carioca Sr. Belgrano dos Santos da Federação Fluminense de Desportos (F.F.D.) e seus auxiliares, Maurício Chaves e José Miguel, se preparavam para iniciar a partida a ansiedade tomava conta do público. Alvirrubros querendo devolver a derrota passada e americanos desejando a vitória, que quebraria um jejum de 16 anos sem títulos. O Náutico não poderia contar com os atletas Salvador, Orlando e Gilberto, enquanto que, o América não contaria com os atletas Rubens e Djalma, artilheiro da equipe com 25 gols marcados em 21 jogos.

Jornal Pequeno do dia 20/02/1945 destaca o título
do América Futebol Clube do Recife em 1944
Às 15:20h Valdeque do América deu a saída de bola para mais um “Clássico da Técnica e da Disciplina” e logo no início, com apenas 5 minutos o meia Astrogildo avançou em velocidade e tocou a bola para o atacante Edgar, que chutou por cima das traves do goleiro Max do Náutico. Os alvirrubros tiveram aos 10 minutos uma grande chance de abrir o placar da partida, quando o meia Periquito cruzou a bola vinda da direita para o atacante Tará, que chutou forte e no canto, mas o lendário goleiro Leça esticou-se para fazer uma grande defesa. Com o relógio apontando 16 minutos, em um grande ataque do América, o atacante Julinho veio trazendo a bola desde o meio campo e driblou os alvirrubros Sabino e Célio antes de tocar para Oséas, que não desperdiçou e abriu o placar na Ilha do Retiro. É GOL DO AMÉRICA! AMÉRICA 1X0 NÁUTICO e a torcida verde e branca já sentia o cheiro do título. Aos 30 minutos o Náutico, que impôs forte pressão depois do gol tomado, teve a chance de empatar, quando Luiz se desvencilhou do americano Deusdedith e tocou para Plínio, que chutou para fora animando a torcida de seu clube. Em meio à pressão alvirrubra em busca do gol de empate, o árbitro encerrou o primeiro tempo de jogo após o tempo regulamentar.

O Diário de Pernambuco de 20/02/1945 também destacou a maravilhosa
conquista do América no ano de 1944. O Recife se vestiu de verde e branco.
No intervalo, o Náutico, como forma de melhorar em campo, colocou Isaac no lugar de Sabino, que foi para o lugar de Periquito, que por sua vez ocupou a vaga de Isaac no ataque. O alvirrubro Joãozinho deu a saída de bola para o segundo tempo às 16:15h e com 5 minutos, o meia Edvaldo lançou a bola para Luiz, que chutou para grande defesa do goleiro Leça. Com o time de Rosa e Silva muito avançado, as brechas na defesa começaram a surgir e numa delas, a bola sobrou para o atacante americano Zezinho que totalmente livre de marcação aos 15 minutos, tocou sem problemas no canto do goleiro Max para aumentar a vantagem do “The Green Team”. É GOL DO AMÉRICA! AMÉRICA 2X0 NÁUTICO e enquanto a torcida esmeraldina comemorava enlouquecidamente, os atletas do clube dos Aflitos protestavam bravamente contra o árbitro Belgrano dos Santos, pois, alegavam posição irregular de impedimento do jogador Zezinho no lance, reclamações estas que não foram aceitas pelo trio de arbitragem.

Milhares de pessoas e centenas de carros anteciparam o carnaval na
comemoração do título de campeão do América. 
O Náutico via o título, que antes parecia tão certo, escorregar por entre suas mãos e quando muitos já não mais acreditavam, o atacante Sabino aos 25 minutos depois de uma grande jogada foi derrubado dentro da área pelo zagueiro Lucas do América e o árbitro não teve dúvidas e assinalou o pênalti a ser cobrado. Era a maior chance de gol do Náutico no jogo. O mesmo Sabino correu para a bola e chutou forte, mas, o magrelo Leça foi mais ágil e defendeu de forma sensacional a cobrança de Sabino, que naquele momento baixou a cabeça, como se não acreditasse que o Náutico perderia aquele título que esteve tão perto antes do play-off. Os alvirrubros abateram-se em campo e a torcida alviverde cantarolava nas arquibancadas da Ilha do Retiro, eis que surge mais uma vez a figura do célebre Oséas, que recebeu a bola aos 43 minutos para anotar o terceiro gol esmeraldino. É GOL DO AMÉRICA! AMÉRICA 3X0 NÁUTICO e com mais dois minutos, o árbitro encerrou a partida e o América encerrou o jejum de 16 anos sem título de campeão pernambucano de futebol.

Jogadores foram carregados nos braços de centenas de torcedores do
América, que invadiram o gramado na comemoração do título de 1944
A enorme presença de torcedores do América do Recife ao final do jogo invadiu o gramado para comemorar junto com os atletas, que foram carregados como heróis de uma conquista nunca esquecida pela mente dos privilegiados que lá estiveram. O Recife se vestiu de verde. Em Casa Amarela, Casa Forte, Apipucos, Caxangá, Torre e adjacências, o grito de “É Campeão!” ecoava nas ruas, onde as torcidas de Sport, Santa Cruz e Náutico eram minoria. Na Boa Vista, centenas de carros naquela noite desfilaram com bandeiras verde e brancas e num grande buzinaço, torcedores e simpatizantes comemoravam o título de campeão de 1944 e cantavam os seguintes versos:
Guardamos no peito, a lembrança
E muitas saudades desse nosso carnaval
Guardamos no peito, a lembrança
E muitas saudades desse nosso carnaval
Ser campeão é meu grande ideal
Não chores morena sapeca
Que a turma do América já vai regressar
Não chores morena sapeca
Que a turma do América, chegou para ficar.
As equipes deste jogo histórico foram as seguintes:

AMÉRICA:
Leça;
Deusdedith e Lucas;
Pedrinho, Capuco e Astrogildo;
Zezinho, Julinho, Valdeque, Edgar e Oséas.

NÁUTICO:
Max;
Mário Ramos e Célio;
Sabino, Periquito e Edvaldo;
Plínio, Tará, Joãozinho, Isaac e Luiz.



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