Sport e América, uma rica história gravada na memória

Por Marcos Leandro, do Jornal do Commercio
Goleadas (para os dois lados), decisão de campeonato com apenas oito minutos disputados, opção pelo profissionalismo e rebeldia conjunta contra a então Federação Pernambucana de Futebol. A história de Sport e América é uma das mais ricas do futebol local. O confronto, denominado de Clássico dos Campeões, não acontecia desde 1995 pela Série A1, ano da última participação do Mequinha na elite estadual. O primeiro encontro pelo Pernambucano só ocorreu na quarta edição, em 1918. Isso porque os leoninos não participaram da primeira edição em 1915 – só seis clubes disputaram o torneio, que teve o Flamengo como campeão. No ano seguinte, as duas agremiações caíram em grupos diferentes e não se cruzaram. A situação se repetiu em 1917. Finalmente, em 1918, Sport e América ficaram frente a frente. Pior para os rubro-negros. No dia 21 de julho, no campo do British Club (hoje o Museu do Estado), o Mequinha aplicou uma sonora goleada: 6x1. “O América tinha um time fortíssimo e o Sport procurou se reforçar trazendo do Uruguai o atacante Pedro Mazullo. Só que existia no regulamento uma cláusula que dizia que o jogador só poderia entrar em campo se estivesse residindo no Recife há dois meses. Então, o Sport fez de tudo para apressar a chegada de Mazullo. A história conta que carvão foi queimado no navio em vez de madeira e até carro o clube disponibilizou para buscar seu reforço internacional”, conta o pesquisador Carlos Celso Cordeiro. O fato é que Mazullo chegou a tempo de estrear pelo Sport, contra o América, que também era adepto à importação de jogadores – os demais clubes da época, incluindo Santa Cruz e Náutico, queriam a manutenção do amadorismo. Mas quem deu um show naquele dia foi o garoto Zé Tasso, do Mequinha, que anotou três gols. O campeonato de 1918 ficou paralisado por mais de dois meses por conta da Gripe Espanhola, mas quando a bola voltou a rolar, o alviverde bateu novamente o Sport (3x1) e conquistou seu primeiro título. No ano seguinte, o América levantou o bi, mas sofreu sua primeira derrota para o rival: 2x0. Rubro-negros e americanos se revezaram nas conquistas de 1920 (Sport), 1921/22 (América), 1923/24/25 (Sport), 1927 (América) e 1928 (Sport) – o Torre foi o único intruso, faturando a taça em 1926/29 e 30. Em 1922, no campeonato que comemorava o centenário da Independência do Brasil (o alviverde venceu e até hoje também é conhecido como campeão do centenário), a decisão entre os rivais teve apenas oito minutos. Na verdade, o encontro foi um complemento dos 45 minutos do segundo tempo da partida que abriu o certame, paralisada por falta de iluminação e com a vitória parcial do América por 2x1. Os leoninos não conseguiram marcar no curto período do novo “jogo”, o que deu a taça aos americanos. A dupla só perdeu a hegemonia por conta de uma briga. Em 1926, alegando estarem sendo discriminados pela Liga Pernambucana de Desportos Terrestres (hoje Federação Pernambucana de Futebol), Sport, América e Peres abandonaram a entidade e fundaram a Associação Pernambucana de Desportos Atléticos, realizando um torneio paralelo. A rixa durou seis meses, com Sport e América entrando no Campeonato Pernambucano já na reta final, sem chance de título. Após voltar a ganhar o campeonato, em 1927, o América mergulhou em uma grava crise financeira, só voltando a conquistar a taça em 1944, pela última vez. Enquanto isso, o Sport se firmou como uma potência do Estado, assim como Santa Cruz e Náutico. Na sua última aparição pela Série A1, o Mequinha foi massacrado pelo Leão duas vezes: 7x0 e 10x0.
Sport e América, uma rica história gravada na memória. Jornal do Commercio. Recife, 12 jan. 2011. ano 93, n. 12. caderno maisEsportes . p. 1

Nenhum comentário

seu comentário vai ser analisado,necessário deixar contato

Tecnologia do Blogger.