MEMÓRIAS ESMERALDINAS: América 3x2 Portela em setembro de 1945

Nasciam o político Daniel Ortega (atual presidente da Nicarágua), o músico britânico Chris Dreja (baixista da banda de rock The New Yardbirds), o ator norte-americano Micky Dolenz (ator no filme “Os Monkees Estão Soltos” de 1968), o treinador alemão Jupp Heynckes (campeão da Liga dos Campeões da Europa com o Real Madrid/ESP em 1998 e com o Bayern de Munique/ALE em 2013) e a cantora escocesa Maggie Bell (antiga integrante da banda de rock The Power). Faleciam o ator neozelandês Shayle Gardner (ator em filmes como “Condenação do Destino” de 1926 e “Disraeli” de 1929) e o golfista norte-americano Charles Sands (medalha de ouro nas Olimpíadas de Paris em 1900). Alguns sucessos musicais foram “Na Feira do Cais Dourado” com Elvira Pagã, “Morena Faceira” com Os Namorados da Lua e “Meu Coração Te Fala” com Albertinho Fortuna.

Jornal do Commercio de 13 de setembro de 1945.
O campeonato pernambucano de 1945 teve prosseguimento no dia 13 de setembro com a esperada partida entre América do Recife e Portela de Jaboatão no Estádio dos Aflitos. Os americanos fizeram uma elogiável fase eliminatória, ficando atrás apenas do Sport e na fase final já haviam feito duas partidas, uma que terminou com derrota para o Sport e outra com vitória em cima do Santa Cruz, ambas com resultado de 3x1 favorável ao vencedor e a expectativa era de mais uma vitória para se aproximar da liderança do certame. Por sua vez, os alviazulinos da fábrica de papel de Jaboatão fizeram uma fase eliminatória ruim, à frente apenas do eliminado Flamengo do Recife e empatado em número de pontos com o Great Western, sendo, portanto, necessária a realização de uma partida extra, na qual, o Portela venceu o Great Western por 3x0 e teve direito de prosseguir no campeonato. Os portelenses nesta fase final haviam caído diante do Náutico por 4x1, mas, conseguiram dois grandes resultados, que foram os empates com Sport e Santa Cruz, ambos pelo placar de 3x3, fato este, que motivava o torcedor a comparecer aos Aflitos naquela noite de quinta-feira para apreciar uma bela partida de futebol. Quem chegou mais cedo acompanhou a vitória do Náutico sobre o Portela por 6x1 na categoria segundos-quadros e ficou no aguardo para que às 21h começasse a partida esperada entre americanos e portelenses. Quando o árbitro da partida, o Sr. José Gaioso, subiu para o gramado e chamou as equipes para o início da peleja, percebeu aos olhos dele, que o tom de verde da camisa do América podia ser facilmente confundível com o tom de azul da camisa do Portela, que por sinal, tinham modelos iguais e, portanto, solicitou à equipe jaboatonense que trocasse de camisa já que era o visitante. Para a surpresa de todos, o Portela não veio com um segundo conjunto de camisas, o que atrasou o começo do jogo em meia hora. O impasse foi resolvido quando o Náutico cedeu suas camisas vermelhas para o Portela jogar e somente às 21h45 a partida foi iniciada.


Nota do Jornal do Commercio de 13 de setembro de 1945.
O público presente aos Aflitos viu uma partida muito equilibrada, com as duas equipes se doando ao máximo atrás da vitória e quem teve a primeira grande chance foi o Portela aos 7 minutos, quando o meia americano Rubens perdeu a bola no meio campo para o também meia Sabino dos azulinos (excepcionalmente, vermelhos naquela noite), que avançou em velocidade no meio da defesa esmeraldina e tocou para o atacante Bertô, que chutou por cima do travessão de Leça. A primeira boa chance dos campeões de 1944 surgiu aos 15 minutos, quando o atleta Galego recuperou a bola na zaga e tocou para o atacante Valdeque, que driblou o defensor Santiago antes de ceder a pelota para Oséas e este chutou para uma ótima defesa do goleiro Nico do Portela. Aos 21 minutos, o americano Edgar perdeu a bola para o portelense Neno, o que gerou um contrataque fulminante dos jaboatonenses, sendo então, a bola tocada para o atleta Alírio, que da entrada da grande área mandou o torpedo no canto esquerdo de Leça, que saltou na hora certa e impediu de forma heroica a marcação do gol adversário.

Ilustração de América x Portela no Estádio dos Aflitos pelo campeonato
Pernambucano de 1945.
Animados pela torcida que se fazia presente nas arquibancadas do Eládio de Barros Carvalho, o América avançou com perigo aos 29 minutos por meio do atacante Djalma, que já na linha fundo, fez ótimo cruzamento nos pés de Zezinho, que se livrou da marcação de Rubem e mandou a bola por cima do gol de Nico, passando a poucos centímetros do travessão. O gol era uma questão de tempo e aos 34 minutos, Pedrinho do América disparou pela lateral direita e cruzou para Zezinho, que num chute de primeira, tocou no canto esquerdo de Nico que nada pôde fazer. É GOL DO AMÉRICA! AMÉRICA 1X0 PORTELA. A comemoração esmeraldina foi breve, isto porque, sete minutos depois na última boa jogada do primeiro tempo, o atacante Dega bateu em cima do zagueiro Lucas do América e Milton pegou o rebote para deixar tudo igual nos Aflitos. AMÉRICA 1X1 PORTELA e fim de papo.

Jornal do Commercio de 14 de setembro de 1945.
No breu das dez e quarenta da noite começou segundo tempo e o comportamento dos times foi o mesmo da etapa inicial. O América atacou aos 5 minutos por intermédio do meia Rubens, que enxergou Valdeque correndo pela direita livre de marcação e lhe cedeu a bola, vindo a dominá-la e arremessá-la com força no canto alto de Nico, que defendeu com categoria. O Portela chegou perto de desempatar aos 17 minutos, quando o meia Vitor entregou a pelota para o atacante Dega, que driblou o zagueiro Galego e mandou forte muito próximo à trave esquerda de Leça. O clube de Jaboatão parecia decidido a vencer e aos 26 minutos num descuido da defesa do América, a bola sobrou para o atleta Djalma do Portela e cara a cara com Leça chutou forte e o goleiro americano desviou um chute à queima-roupa salvando o clube verde e branco. A preocupação esmeraldina se transformou em felicidade aos 30 minutos, quando Zezinho disparou em velocidade pelo canto direito e cruzou na medida para Oséas, com categoria, colocar os americanos em vantagem. É GOL DO AMÉRICA! AMÉRICA 2X1 PORTELA.

Nota do Jornal do Commercio de 14 de setembro de 1945.
O gol atordoou o adversário e apenas três minutos mais tarde, o América armou mais um fulminante ataque, porém, desta vez como o atleta Valdeque, que com um belo passe, colocou o atleta Djalma frente a frente com Nico e ele não desperdiçou. É GOL DO AMÉRICA! AMÉRICA 3X1 PORTELA. A torcida do verde e branco recifense comemorava freneticamente e muito criticou a marcação da falta do zagueiro Lucas em cima do portelense Bertô aos 40 minutos. Neno bateu a falta com perfeição e apesar do esforço de Leça, descontou para os azuis (momentaneamente vermelhos) de Jaboatão. AMÉRICA 3X2 PORTELA e sem maiores jogadas de gol terminou a partida com mais uma grande vitória do periquito. O público compareceu em número reduzido e gerou uma renda de aproximadamente 3.101 cruzeiros naquela quinta-feira noturna de futebol.


AMÉRICA
Leça; 
Lucas e Galego; 
Pedrinho, Capuco e Rubens; 
Zezinho, Valdeque, Djalma, Edgar e Oséas.


PORTELA
Nico; 
Santiago e Rubem; 
Vitor, Sabino e Neno; 
Milton, Dega, Alírio, Bertô e Djalma.

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