1946
Aflitos
América Futebol Clube (PE)
campeonato pernambucano
Clube Náutico Capibaribe
Memórias Esmeraldinas
MEMÓRIAS ESMERALDINAS: Náutico 1x2 América em junho de 1946
Folha do Diário de Pernambuco de 09 de junho de 1946 fazendo o destaque do clássico entre América e Náutico |
Em 1946 nasciam o treinador
italiano Fábio Capello (campeão italiano de 1975 com a Juventus de Turim (como
jogador) e campeão da Liga dos Campeões da Europa em 1994 com o Milan (como
treinador)), o ex-goleiro alemão Jurgen Croy (campeão olímpico em 1976 com a
seleção da Alemanha Oriental), o treinador Gilson Nunes (treinou o Sport em
1993 e o Náutico em 1991 e 1994), o ator norte-americano Jim Kelly (ator no
filme “Operação Dragão” de 1973), o
ex-goleiro búlgaro Simeon Simenov (defendeu a seleção da Bulgária na Copa de
1974), o ex-treinador italiano Arrigo Sacchi (campeão mundial de clubes com o
Milan em 1990 e vice-campeão mundial na Copa de 1994 com a Seleção Italiana) e
a atriz Edyr de Castro (atriz no filme “Menino
Maluquinho – O Filme” de 1995 e na novela “Roque Santeiro” de 1985). Foi o ano de morte de pessoas como o
poeta português Afonso Lopes Vieira (autor de “O Pão e as Rosas” de 1910, “O
Soneto dos Túmulos” de 1913 e “Meu
Adeus” de 1900), o ator de cinema britânico George Arliss (vencedor do
Oscar de melhor ator principal em 1930 com o filme “Disraeli” de 1929) e o físico britânico James Jeans (autor de
várias teorias sobre a cosmologia). Os sucessos musicais ficavam por conta de “Five Minutes More” de Frank Sinatra, “Fracasso” de Francisco Alves e “Saia do Caminho” de Aracy de Almeida.
Destaque do Diário de Pernambuco sobre a partida |
Em 09 de junho de 1946 o América
voltaria a campo para mais uma grande partida da sua história recheada de
grandes momentos. O campeão de 1944 tinha feito um bom começo no certame, vindo
de uma vitória de 9x0 em cima do Flamengo do Recife (que abandonou a competição
no primeiro jogo) e de um empate contra o Sport em 3x3, enquanto que o Clube
Náutico Capibaribe vinha de empates contra Santa Cruz e Great Western. A
partida colocaria frente a frente as turmas campeãs dos últimos dois anos em
Pernambuco.
Jogadores do América assinando a súmula antes do jogo em meio a autoridades do meio esportivo e a um grande público nos Aflitos |
A cidade do Recife naquele
domingo esperava de forma ansiosa pelo Clássico Náutico x América no Estádio
dos Aflitos, uma vez que, era esperada pelo público apreciador do esporte
bretão a exibição futebolística de jogadores bem conhecidos por encher de
alegria os olhos dos torcedores de suas respectivas agremiações. No Náutico, do
treinador Cabelli, os destaques eram o zagueiro paulista Célio, o meio campo
Pitota (frequentemente chamado para compor o time da Seleção Pernambucana), o
meia Gilberto, o atacante Edvaldo e principalmente, o veterano atacante Tará,
que muito já havia se destacado com a camisa do clube tricolor do Arruda. No
América, do treinador Álvaro Barbosa, a expectativa ficava por conta da
presença dos jogadores Pedrinho, Edgard, Zezinho, Julinho e Djalma que eram
titulares absolutos na Seleção Pernambucana e que dois anos antes, ajudaram
Pernambuco a golear a Seleção da Bahia por 9x1 no Estádio da Ilha Do Retiro
pelo Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais de 1944. Capuco seria o grande
desfalque em virtude de ter renovado seu contrato apenas no dia do jogo, porém,
a defesa formada por Galego e Lucas possuía a confiança da torcida verde e
branca.
Ilustração de Náutico x América em 1946 no Estádio dos Aflitos pelo campeonato pernambucano de futebol |
Na preliminar da categoria de
amadores, arbitrada pelo Sr. Albino Machado e auxiliado por Ivanildo Bezerra e
Oscar Macedo, o América venceu o Great Western por 1x0, gol contra do zagueiro
Jonas do time anglo-brasileiro depois de um chute forte do atacante Adolfo. Os
amadores do América, treinados por Mauro Branco, formados por Couto; Seixas e
Darcy; Quincas, Paulo e Bartô; Adolfo, Seixas II, Alexandre, Henrique e Aílton
com a vitória, dividiram a liderança da categoria ao lado do Náutico. Às 15:15h
o árbitro José Gaioso (Argemiro Félix seria o árbitro, mas, não compareceu)
autorizou o início do clássico, que começou sob uma forte chuva, o que muito
atrapalhou a desenvoltura técnica das duas equipes, que não conseguiram
finalizar com eficiência nos primeiros minutos de jogo.
Aos 30 minutos o Náutico ganhou
um escanteio ao seu favor. Na cobrança, a bola sobrou para o alvirrubro
Alcidésio que soltou a bomba contra o gol de Leça do América, mas, o zagueiro
esmeraldino Galego foi atingido pela bola, desviando-a da trajetória e a
colocando pela linha de fundo. O árbitro José Gaioso entendeu de forma errônea
que Galego havia desviado a bola com a mão dentro na grande área e apontou
pênalti para o time de Rosa e Silva. Reclamações dos esmeraldinos não faltaram.
O meia Gilberto foi para a cobrança e chutou forte no canto de Leça para abrir
o placar nos Aflitos. NÁUTICO 1X0 AMÉRICA. A reação americana não tardou e aos
40 minutos o atacante Djalma arrancou em velocidade pelo canto esquerdo
driblando os adversários Pitota e Espingardinha, para enfim tocar a bola de
forma rasteira e cruzada no canto do gol de Zeca. Djalma deixava tudo igual. É
GOL DO AMÉRICA! NÁUTICO 1X1 AMÉRICA.
Diário de Pernambuco de 11/06/1946 |
Veio então o segundo tempo e o
América mostrava-se melhor na partida e pressionava o Náutico em busca do gol
da vitória. O jogador Tará do Náutico, que era a maior esperança de gols dos
alvirrubros, sofreu uma contusão no pé e passou praticamente toda a etapa final
como elemento nulo no ataque timbu. Aos 15 minutos da etapa final Janjoca fez
um lançamento magistral para o artilheiro Djalma que cabeceou fortemente a bola
na trave do arqueiro do Náutico, vindo a bola retornar aos seus pés. O zagueiro
alvirrubro Célio ao tentar evitar o segundo chute, escorregou no gramado
molhado e caiu, deixando Djalma de frente com o goleiro Zeca que saiu na bola,
mas não conseguiu impedir o gol da virada americana no Estádio dos Aflitos.
Festa em verde e branco na casa do adversário. É GOL DO AMÉRICA! NÁUTICO 1X2
AMÉRICA.
Diário de Pernambuco de 11 de junho de 1946 destacando a vitória do América |
O clube da Estrada do Arraial
venceu o campeão do ano anterior e se credenciava com um dos favoritos ao
título daquele ano. De acordo com a imprensa escrita, os atletas Arnaldo e
Galego foram os melhores em campo, o primeiro por seus lançamentos de bola para
o ataque e o segundo por impedir várias jogadas de gol dos alvirrubros. Leça
como já era costumeiro, praticou grandes defesas, mas o meia Pedrinho foi
aquele que menos contribuiu com a vitória. No Náutico elogiou-se a estreia de
Alcidésio, bem como as atuações de Idimar, Gilberto e Pitota. A renda do jogo foi de 9.492 cruzeiros e os atletas
deste Clássico da Técnica e da Disciplina
foram os seguintes:
NÁUTICO:
Zeca;
Célio e Espingardinha;
Pitota, Gilberto e Palito;
Plínio, Idimar, Tará, Alcidésio e
Luiz.
AMÉRICA:
Leça;
Galego e Lucas;
Pedrinho, Edgard e Arnaldo;
Janjoca, Julinho, Djalma, Zezinho
e Valdeque
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