MEMÓRIAS ESMERALDINAS: América 3x1 Botafogo da Bahia em abril de 1954

Página esportiva do Jornal Folha da Manhã do Recife
no dia 21 de abril de 1954 destacando a partida
O ano de 1954 foi o ano da Copa do Mundo da Suíça, tendo a Alemanha como campeã; Foi o ano do “Crime da Rua Tonelero” no qual o político Carlos Lacerda foi vítima de um atentado à bala e o ano do suicídio do então presidente Getúlio Vargas. Neste ano nasceram o ator Daniel Dantas (ator no filme “Caixa Dois” de 2007 e na novela “Mulheres de Areia” de 1993), o ex-jogador Sócrates (campeão paulista de 1983 com o Corinthians e vice-campeão da Copa América de 1983 com a Seleção Brasileira), o ex-jogador argentino Mario Kempes (campeão da Supercopa da Europa de 1980 com o Valência/ESP e da Copa do Mundo de 1978 com a Seleção Argentina), o ex-jogador Marco Tardelli (campeão da Copa do Mundo de 1982 com a Seleção Italiana), a atriz Rosi Campos (atriz no filme “Chico Xavier” de 2010 e na novela “Chega Mais” de 1980), o ex-atacante Beijoca (campeão pernambucano de 1977 com o Sport), o ex-atacante Nunes (campeão pernambucano de 1978 com o Santa Cruz e de 1985 com o Náutico). Ainda em 1954 faleceram o escritor Oswald de Andrade (autor de livros como “O Escaravelho de Ouro” de 1946 e “O Santeiro do Mangue” de 1950), o escritor pernambucano Celso Vieira (autor do livro “O Semeador” de 1919 e “Aspectos do Brasil” de 1936), o ex-empresário jaboatonense Ernesto Pereira Carneiro (um dos fundadores e presidente do Náutico em 1909 quando criou o departamento de futebol alvirrubro), Rita Lobato (a primeira mulher médica do Brasil) e o ex-goleiro Roberto Gomes Pedrosa (tricampeão carioca pelo Botafogo em 1934, mesmo ano de sua convocação à Seleção Brasileira para a disputa da Copa do Mundo). Entre os sucessos musicais de 1954 figuraram “Tereza da Praia” na voz de Dick Farney e Lúcio Alves, “Vida de Bailarina” de Ângela Maria, “Caboclo Abandonado” de Nhô Nardo & Cunha Junior, “Boi Brabo” de Jackson do Pandeiro, “Sorriu para Mim” de Venílton Santos e “Cartão de Natal” de Luis Gonzaga.
Folha da Manhã um dia antes, promovendo o amistoso

O Estádio dos Aflitos foi palco no dia 21 de abril de 1954 do amistoso interestadual envolvendo o América do Recife e o Botafogo de Salvador (BA). O “periquito” fez uma campanha modesta no campeonato pernambucano de 1953 e se preparava fisicamente para a estreia no certame de 1954, no qual faria seu primeiro jogo em junho contra o Sport e a partida contra os baianos ajudaria nesta preparação. Os alvirrubros baianos vinham com a fama de uma equipe de alta qualidade técnica, devido ao fato de terem sido vice-campeões baianos de 1953 e também estavam arrumando a equipe para a disputa da competição baiana. 

Elenco do Botafogo de Salvador em excursão ao Recife em 1954
O Botafogo (BA), do treinador Durval Cunha, havia realizado duas partidas em Recife, havendo vencido o Sport por 2x1 e empatado com o Santa Cruz em 3x3, antes de viajar à Paraiba, local onde jogou duas vezes contra o Botafogo (PB) (um empate em 1x1 e uma derrota por 4x2) e uma vez em Campina Grande contra o Treze, vindo a vencer os alvinegros da Serra da Borborema por 1x0. Como o América ainda vivia sob as comemorações do seu aniversário, tratou junto à equipe baiana, a realização de um jogo festivo, até por que, o Botafogo (BA) gabava-se de estar invicto em terras pernambucanas.

Ilustração de América x Botafogo da Bahia em 1954 no Estádio dos Aflitos
O América, do treinador argentino Dante Bianchi, faria a estreia de jogadores como o goleiro Espanhol (ex-Auto Esporte do Recife), o zagueiro Antoninho, o meio-campista Zoláquio e os atacantes Jarbas e Vivinho, todos eles atletas recém-chegados à Estrada do Arraial, com a intenção de levar o clube a uma melhor campanha melhor, ou quem sabe, a um título. Quando o árbitro Argemiro Félix de Sena (auxiliado nas laterais por Ivanildo Bezerra e por Milton Farias) apitou o início do jogo, a torcida pernambucana formada por torcedores das quatro grandes agremiações esportivas recifenses se misturaram em prol de uma causa comum, que era ver o América derrubar a invencibilidade do Botafogo (BA) em terras pernambucanas e o público, mesmo acontecendo à tarde, compareceu em grande número para torcer pelo campeão pernambucano de 1944.

Lance do 1° gol do América anotado por Jarbas
Apoiados pela torcida, os alviverdes de Casa Amarela começaram bem no jogo, apesar do desentrosamento entre os jogadores novatos que estavam estreando. Não demorou muito para a torcida recifense soltar um grito de gol, pois, aos 20 minutos do 1° tempo, o atacante novato Jarbas acertou um belo chute no canto direito do goleiro botafoguense Leça (ex-América e eterno ídolo do clube) para inaugurar o placar. É GOL DO AMÉRICA! AMÉRICA 1X0 BOTAFOGO (BA) e a festa pernambucana estava somente começando.

Lance do 2° gol do América anotado por Fernando
Os baianos reagiram e melhoraram sua produtividade em campo, tanto que ao apagar das luzes do 1° tempo, numa grande jogada de Roliço, o atacante Antônio conseguiu acertar um chute certeiro contra o gol do goleiro Espanhol do “Mequinha” para igualar o marcador. AMÉRICA 1X1 BOTAFOGO (BA) e desta forma, terminou a primeira etapa de partida. No intervalo, o treinado Dante Bianchi optou pela entrada de Astrogildo no lugar de Galego na defesa verde e branca. 


Jogadores baianos verificaram que realmente a bola do
2° gol do América furou as redes defendidas por Leça

O segundo clube de alguns pernambucanos e primeiro no coração de muitos privilegiados, voltou para o segundo tempo com uma postura mais ofensiva e logo no começo da segunda etapa, o atacante Fernando disparou com a bola até sofrer marcação e decidir disparar o míssil contra o lendário goleiro Leça, que além de não deter a bola, ainda teve que ver suas redes serem furadas pela potência do arremesso. É GOL DO AMÉRICA! AMÉRICA 2X1 BOTAFOGO (BA). Por crer que seu ataque não estava funcionando bem, o treinador do time baiano optou pela entrada de Alonso no lugar de Guiomérico, de Jairo no lugar de Antônio e de Flávio no lugar de Roliço.



Página do jornal Folha da Manha em
22/04/1954 mostrando o amistoso


A festa pernambucana foi ratificada apenas quando perto dos 45 minutos do 2° tempo, o atacante americano Vivinho assinalou com tranquilidade o terceiro gol esmeraldino no Estádio dos Aflitos. É GOL DO AMÉRICA! AMÉRICA 3X1 BOTAFOGO (BA) e a festa estava garantida com a quebra da invencibilidade do time alvirrubro baiano na Veneza Brasileira. Com o passar do tempo de jogo ficou nítido que o atacante Jarbas, que havia feito um brilhante 1° tempo, precisava de uma boa preparação física, uma vez que, mostrou claros sinais de cansaço.

Folha da Manhã do Recife de 22/04/1954 destacando a vitória








O defensor Antoninho foi eficiente, anulando os ataques adversários algumas vezes com bola para fora, enquanto que o meia Zoláquio, apesar da disposição, sofreu para marcar Dedeu do Botafogo, que levou vantagem na maioria das jogadas. Para findar as análises, o velho conhecido das praças recifenses, o goleiro Espanhol apareceu em poucas ocasiões, mas, sempre mostrando a boa qualidade de sempre, lembrando a época que vestia o manto azul e branco do Auto Esporte do Recife. As equipes deste grande amistoso interestadual, que teve uma renda de 30 mil cruzeiros, estavam alinhadas da seguinte forma:





AMÉRICA DO RECIFE:
Espanhol;
Dadá e Antoninho;
Galego, Geraldo e Zoláquio;
Fernando, Jarbas, Vivinho, Moacir e Gilberto.

BOTAFOGO DE SALVADOR:
Leça;
Bartolomeu e Alberto;
Tatuí, Nelinho e Júlio;

Dedeu, Teco, Antônio, Roliço e Guiomérico.

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