1946
Aflitos
América Futebol Clube (PE)
campeonato pernambucano
Great Western
Memórias Esmeraldinas
MEMÓRIAS ESMERALDINAS: América 2x1 Great Western em julho de 1946
Diário de Pernambuco de 18/07/1946 destacando a confiança americana numa vitória |
Em 1946 nasciam o
treinador Ferdinando Teixeira (várias vezes campeão potiguar com o Alecrim,
América-RN e ABC e campeão cearense com o Fortaleza em 2001, mesmo ano em que
trabalhou no Santa Cruz), a atriz Esther Góes (atuou na novela “O Pátio das Donzelas” de 1982 e no filme
“Eternamente Pagu” de 1987), o
ex-jogador Dadá Maravilha (campeão pernambucano com o Sport em 1975 e 5° maior
goleador da história do futebol do Brasil), o ator Cláudio Cunha (atuou no
filme “A Praia do Pecado” de 1978), o
treinador Jair Pereira (campeão pernambucano de 1973 pelo Santa Cruz (como
atleta), campeão da Copa do Rei da Espanha pelo Atlético de Madri (já como
técnico) e com passagem pelo Sport em 2001) e o ex-goleiro Jairo (campeão
paulista de 1977 com o Corinthians e com passagem no Náutico em 1981). Morria o
compositor José Luis da Costa (conhecido como Príncipe Pretinho e autor de
músicas gravadas pela cantora Dalva de Oliveira como “Menina de Vestido Branco” de 1940). Neste ano o presidente General
Eurico Gaspar Dutra tornou ilegal a existência de jogos de azar no país, a
Síria declarou a sua independência e com o fim da II Guerra Mundial, a FIFA
decidiu que a Copa do Mundo de 1950 seria no Brasil, pois a Europa estava
apenas começando a se reerguer após o conflito bélico.
A segunda rodada do turno final
do campeonato pernambucano de 1946 foi prosseguida com a partida entre o
América e a Associação Atlética da Great Western no Estádio dos Aflitos no dia 18 de julho de 1946. O
clube da Estrada do Arraial havia feito um grande primeiro turno (eliminatório)
ficando em primeiro lugar, o que animou a torcida americana sobre a conquista
de mais um título pernambucano, dois anos após a conquista de 1944. A esperança
aumentou ainda mais quando no primeiro jogo do turno final, o América derrotou
o Sport por 4x2 e a partida contra o time da companhia ferroviária, era de suma
importância para a manutenção desta meta, que era a de conquistar seu sétimo
troféu estadual.
Capuco (à esquerda) e Pedrinho (à direita): os guardiões do meio campo do América na década de 1940 |
Os tricolores da estrada de
Ferro, já não vinham com a mesma animação do América, pois haviam perdido de
6x2 para o Náutico e de 11x1 para o Santa Cruz, sendo então credenciado pela
crônica esportiva pernambucana, como um provável saco de pancadas dos grandes
do estado. O “Mequinha” do treinador Álvaro Barbosa um dia antes havia chegado
da cidade de Natal-RN, local onde disputou três jogos válidos pela Copa Cidade
de Natal (Torneio do Nordeste) no qual os pernambucanos obtiveram uma vitória
contra o Treze-PB por 3x0 e duas derrotas, uma delas contra o Fortaleza
(campeão) por 5x4 e a outra para o América de Natal por 2x1. Apesar do cansaço
da equipe pela viagem, ressaltando as condições de transporte na época, a
expectativa dos atletas esmeraldinos quanto à vitória contra o Great Western
era grande, haja vista a maneira pífia que o adversário havia sido goleado nas
duas últimas rodadas.
Ilustração de América x Great Western no Estádio Eládio de Barros Carvalho (Aflitos) pelo campeonato pernambucano em julho de 1946 |
O jogo seria antecedido por uma
preliminar entre as mesmas equipes, ambas na categoria de amadores, sendo ela
arbitrada pelo Sr. Hugo de Morais e com o América escalado com Bananinha no
gol, Darcy e Lilildo na defesa, Quincas, Paulo e Bartô no meio campo e Tomaz,
Seixas, Moacir, Alexandre e Aílton no ataque. Quando o relógio apontou nove e meia
da noite, o Sr. Leon Markman (com Armênio de Brito e Batista da Conceição como
bandeirinhas) deu início à partida principal entre os “profissionais” de
América e Great Westerm no campo do Náutico e logo no início o que se observou
foi uma melhor qualidade técnica do América, apesar de lances que geraram
pânico da defensiva verde e branca, devido a ataques fulminantes dos tricolores
ferroviários. O time que havia levado seis do Náutico e onze do Santa Cruz,
resolveu complicar a vida dos “periquitos” e aos 28 minutos Beroni, do Great
Western numa bela jogada é derrubado dentro da área pelo defensor Galego do
América, lance que o árbitro, não teve dúvidas e assinalou o pênalti a ser cobrado contra o “Mequinha”. Lindolfo
bateu e fez o primeiro gol da noite. AMÉRICA 0X1 GREAT WESTERN e a torcida
esmeraldina começava a coçar a cabeça. A apreensão aumentou quando o time da
G.W.B.R. perdeu aos 30 minutos uma chance incrível de aumentar sua vantagem no
placar. O América depois deste lance equilibrou a partida, havendo então,
lances de perigo em ambos os lados, porém, o primeiro tempo terminou 1x0 para o
adversário.
Folha do Diário de Pernambuco destacando o esforço do Great Western contra o América |
O 2° tempo começou melhor e logo
aos 5 minutos, Edgar do América chuta cruzado e com força para dentro da área e
eis que surge o infeliz zagueiro Biu do Great Western, que de “carrinho” toca a
bola contra seu próprio gol de modo acidental. É GOL DO AMÉRICA! AMÉRICA 1X1
GREAT WESTERN. A torcida americana começava a festejar nas arquibancadas e
explodiu de vez quando dez minutos após o gol de empate, o jogador Djalma do
América fez uma grande jogada, entrando com perigo na grande área, sendo então derrubado
por Rodolfo do Great Western, lance no qual sem pestanejar, o árbitro Leon
Markman apitou o pênalti a favor dos garotos de Casa Amarela.
Djalma: célebre atacante do América dos anos 1940. Quando precisou, ele estava lá |
O mesmo Edgar que havia empatado
a partida foi o encarregado pela cobrança. Ele correu e chutou firme, porém
para fora, passando a pelota por cima da baliza defendida pelo goleiro Nico do
time das ferrovias. Frustração nos Aflitos. Jogadas de perigo dos dois clubes
continuaram a acontecer levantando cada uma das torcidas nas arquibancadas e
quando o relógio acusou os 40 minutos de jogo, a torcida do América já estava
lamentando o empate como algo irremediável. É nessas horas que brilha a estrela
do craque de chuteiras e o nome dele era Djalma. O mesmo jogador que deu origem
ao lance do pênalti dominou a bola no meio campo e disparou como um animal
faminto a capturar uma presa e saiu driblando toda a defesa tricolor para já
dentro da área chutar e estufar as redes do goleiro Nico. É GOL DO AMÉRICA!
AMÉRICA 2X1 GREAT WESTERN. Vitória conquistada de forma tão
brilhante quanto angustiante, diferentemente do que transcorreu na preliminar
na categoria de amadores, na qual o América saiu vencedor por quatro tentos a
um. Esta noite de futebol nos Aflitos proporcionou uma renda de 2.070 cruzeiros
e as equipes deste grande jogo estiveram assim dispostas:
AMÉRICA:
Leça;
Galego e Deusdedith;
Pedrinho, Capuco e Arnaldo;
Janjoca, Jarbas, Djalma, Edgard e
Oséas.
GREAT WESTERN:
Nico;
Biu e Rodolfo;
Procópio, Boneco e Damião;
Badu, Milton, Lindolfo, Beroni e
Narciso.
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