1964
América Futebol Clube (PE)
Clássico dos Campeões
Memórias Esmeraldinas
Sport Club do Recife
MEMÓRIAS ESMERALDINAS: América 1x1 Sport, em 1964
Folha esportiva do Jornal do Commercio de 18 de junho de 1964. |
Em 1964 o Brasil foi sacudido
politicamente pelo golpe militar e a consequente deposição do presidente João
Goulart. Menos de dois meses depois desse entrave à democracia brasileira,
América e Sport entravam em campo para mais uma partida válida pelo Campeonato
Pernambucano de 1964, fazendo mais um “Clássico dos Campeões” a se realizar no
Estádio dos Aflitos.
Naquele dia 18 de junho de 1964,
a partida entre América e Sport era a que mais chamava a atenção na rodada uma
vez que ambas equipes dividiam a liderança do primeiro turno juntamente com o
Clube Náutico Capibaribe. Esta privilegiada situação levava a crer que um
grande público seria registrado no local do jogo, devido ao interesse do
público em ver uma disputa direta entre líderes do certame estadual.
O Leão da
Ilha do Retiro vinha de uma derrota para o Central e o técnico Raul Betancourt
tinha sérios problemas para escalar a sua equipe para o jogo daquela quinta
feira. O Sport não contaria com o jogador Alemão, mas teria as voltas de Djalma
e Mané, sem contar que haveria a estreia de Tibúrcio no setor defensivo
leonino. Gojoba entraria como o meio campista defensivo e a última vaga no
setor de ataque ficaria ou com Laxixa ou com Celso.
No lado verde, o treinador
Dequinha não teria problemas para promover a escalação da equipe que entraria
em campo para defender a liderança contra o Sport. A única alteração em relação
à equipe que vinha de vitória em cima do Ferroviário do Recife era a entrada de
Fernandes no lugar de Nivaldo, o que não representava para o treinador uma
grande mudança, pois acreditava fielmente na capacidade do substituto em dar
conta do recado.
Acreditava-se que o periquito
viria a campo com Lula no gol, Cícero e Bria na defesa, Zé Maria, Gilson e Ney
Andrade no meio campo e Aílton, Luiz Carlos, Babá, Eric e Fernando no setor de
ataque. O Sport deveria entrar em campo com Walter no gol, Tibúrcio e Baixa na
zaga, Gojoba, Mané e Hemilton no meio campo, Garrinchinha, Djalma, Roosevelt,
Laxixa e Rui no setor ofensivo. O bom andamento da partida foi creditado ao Sr.
Alfredo Bernardes Torres que tinha a confiança dos dois clubes em arbitrar de
maneira correta e imparcial e seria auxiliado por Geraldo Alves e Hélio
Ferreira.
As 5.204 pessoas que foram
naquela quinta feira 18 de junho de 1964 foram ao Estádio Eládio de Barros
Carvalho geraram uma boa renda de 2.209.435 cruzeiros e puderam acompanhar a
vitória do América por 3x1 no quadro de aspirantes que se realizou antes da
partida principal, bastante aguardada pelo público presente.
Defesa americana alivia o perigo de gol do Sport |
O jogo começa e as duas equipes
não mostram um futebol de encher os olhos do torcedor presente, que salvo a
alguns momentos de grande técnica demonstrada, faz o público assistir uma
partida truncada e de forte pegada. Os atletas das duas equipes entraram no
Clássico dos Campeões valendo-se mais da força física do que da qualidade
técnica e o nível técnico acabou sendo inferior ao esperado. O Sport atacou
muito o América nos primeiros 25 minutos de jogo, criando várias situações
perigosas à meta do goleiro Lula, mas sempre errando no momento de arrematar
para o gol. Num jogo de grande pegada e com pressão do adversário, o que
aconteceria aos 23 minutos da primeira etapa do jogo já estava sendo aguardado.
Ótima defesa do goleiro Lula do América. |
Ataque do Sport pela direita por
meio do atacante Djalma que entrou na área e quase de frente com o arqueiro
Lula do time esmeraldino sofre a carga faltosa do defensor americano e árbitro
assinala pênalti sob protestos da torcida americana que se fazia presente aos
Aflitos. Garrinchinha cobra e faz o primeiro gol do jogo aos 23 minutos
colocando o leão na frente do placar. Sport 1x0. No restante do primeiro tempo
as boas jogadas tanto de um lado quanto do outro se igualaram e o América
conseguiu algumas interessantes oportunidades de faturar o gol do empate, mas
todas as bolas arrematadas foram para fora do gol defendido pelo goleiro Walter
e o primeiro tempo termina com vitória rubro negra por um tento a zero.
Caricatura da partida América 1x1 Sport em 18/06/1964 |
O intervalo de partida serviu
para os treinadores Raul Betancourt do Sport e Dequinha do América darem os últimos
conselhos a seus atletas e tentar corrigir algumas fragilidades por eles
observadas. Betancourt falou a seus jogadores sobre a necessidade de segurar
aquela vitória a todo custo, que não valeria apenas a reabilitação, mas também
a liderança do campeonato. Por outro lado, Dequinha alertou que a derrota
derrubaria o alviverde para a terceira colocação em virtude da vitória do
Náutico e que os atletas deveriam entrar em campo “comendo a bola” para tentar
reverter o resultado negativo.
Reportagem do Jornal do Commercio de 19/06/1964 retratando o empate no Clássico dos Campeões. |
O apito que marcou o início do
segundo tempo foi o estopim de uma batalha. As duas equipes passaram a jogar de
forma muito ríspida e as entradas violentas foram uma constante de ambos os
lados. Aos 5 minutos o jogador rubro negro Tibúrcio acerta de forma violenta o
jogador Eric do América que fica estendido no gramado, levando à expulsão
direta do atleta do Sport que fica a partir de então com um jogador a menos.
Com apenas 4 minutos depois, aos 9 minutos, o americano Gilson em uma bola
dividida, chuta de forma desnecessária o atleta Rui do Sport que pede
atendimento médico imediato, levando o árbitro Alfredo Torres Bernardes a dar o
cartão vermelho e pedir que Gilson se retirasse do gramado.
Os próximos 25 minutos seriam de
muita garra e de várias jogadas com aquele toque de aspereza, que levavam os
atletas à iminência de serem punidos por Alfredo Torres, que soube controlar
para que a partida não se desenrolasse para uma briga, que em muito sujaria o
espetáculo. A partir dos 35 minutos, a qualidade técnica começou a aparecer mesmo
que ainda de forma tímida, quando o América foi com tudo para o ataque, a fim
de evitar a derrota para o leão.
Escalação de ambas equipes na partida. |
Aos 45 minutos numa bela jogada no ataque
americano, Babá cria uma ótima situação de gol e quando já se encontrava na
pequena área, sofre uma entrada imprudente do rubro negro Garrinchinha e o juiz
assinala o pênalti a ser cobrado. É pênalti para o América aos 46 minutos do
segundo tempo nos Aflitos. Luiz Carlos acerta uma bomba no canto do goleiro
Walter e empata o confronto. É GOL DO AMÉRICA! América 1x1 Sport. Não houve
mais tempo para uma nova investida ao ataque e o placar do Clássico dos
Campeões foi o empate com um gol para cada lado.
As equipes formaram com:
AMÉRICA: Lula; Cícero e Bria; Zé Maria, Gilson e Ney Andrade; Aílton,
Luiz Carlos, Babá, Eric e Fernandes. Treinador: Dequinha.
SPORT: Walter; Tibúrcio e Baixa; Gojoba, Mané e Hemilton; Garrinchinha,
Djalma, Roosevelt, Laxixa e Rui. Treinador: Raul Betancourt.
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