Diante de Zé do Tasso, primeira grande virada dos tricolores

Este texto é retirado do terceiro fasciculo da "Paixão Traduzida em Cores" publicado no Diario de Pernambuco do dia 27/04/09:
Um dos maiores jogadores de Pernambuco, na época, o atacante tinha deixado o Tricolor para ir defender o América, em cuja equipe fazia sua estréia.

Uma vitória nos primeiros tempos do time fundado no Pátio de Santa Cruz, que entrou para a história, foi conquistada diante do América, na época, a maior força do futebol pernambucano. O jogo despertou muita atenção porque marcava a estréia, na equipe americana, do centroavante Zé Tasso. Este defendia o Santa Cruz, mas se transferiu para o Alviverde, atendendo ao convite de um irmão, uma vez que o América era o clube da paixão da família Tasso. Aquele encontro, portanto, era aguardado com muita expectativa, e os jogadores do Santa não viam a hora de dar uma lição no “desertor”. Todos queriam mostrar, embora permanecessem seu amigo, que o Tricolor não se acabara por causa de sua saída, embora sentisse o desfalque. No dia do jogo, o campo fervilhava de torcedores, já que todos desejavam ver Zé Tasso enfrentando os ex-companheiros. Os adeptos do Santa queriam acompanhar de perto a resposta de seus craques a Zé Tasso. Decepção e reação – Iniciou-se o jogo. Zé Tasso era seriamente vigiado, mas com o passar do tempo, o América passou a mandar em campo, fazendo a defesa santa-cruzense desmoronar-se. Ao encerrar-se o primeiro tempo, o América vencia por 4 x 1, resultado que provocou um grande desânimo entre os aficionados tricolores. Enquanto isso, a torcida do América festejava. No segundo tempo, uma tragédia parecia esboçar-se no caminho do Santa, depois que os alviverdes assinalaram seu quinto gol. O placar desfavorável de 5 x 1 era simplesmente vergonhoso para o Santa. E o atacante Zé Tasso como se comportava, agora que estava do outro lado? Simplesmente fenomenal, uma vez que havia marcado quatro dos cinco gols dos americanos. Poderia haver uma estréia melhor? Faltavam 20 minutos para o jogo terminar, e muito torcedor tricolor já deixava o campo, levando para casa decepção e a frustração, bem como a lamentação pelo fato de Zé Tasso estar agora reforçando um adversário. Ainda não havia a figura do treinador, e com a tragédia mais do que anunciada, o capitão do time, Lacraia – Teófilo Batista de Carvalho – chamou a responsabilidade para si. Mandou que Pitota, o “Pelé” do Santa fosse para a ponta direita a fim de fugir da implacável marcação dos zagueiros do América. Numa época em que não se falava em esquema tático formal, a mudança feita por Lacraia surtiu efeito. O Santa Cruz começou a forçar o jogo, e, quando faltavam 15 minutos para o término da partida houve uma penalidade máxima cometida pelo zagueiro Manta. A missão de transformar o pênalti em gol foi dada a Pitota, possuidor de um tiro notável. Apesar da larga vantagem do América, aquele tento que todos esperavam fosse conquistado, poderia determinar um novo andamento da partida. Os deuses do futebol pareciam estar do lado contrário naquele dia. Pelo menos foi essa a impressão que ficou quanto Pitota, um exímio finalizador, carimbou o travessão da barra guarnecida por Pedro Tasso, irmão de Zé Tasso. A perda do pênalti, em vez de provocar desânimo entre os jogadores do Santa, teve efeito contrário. Dois minutos depois da inditosa jogada, Pitota fazia o segundo gol do Santa. Em seguida Tiano, o mais tarde catedrático de medicina e senador Martiniano Fernandes, substituto de Zé Tasso na equipe tricolor, aproveitava um cruzamento de Pitota para assinalar o terceiro tento dos corais. essa altura, o Santa Cruz já havia botado o América no quadrado. As investidas dos companheiros de Lacraia sucediam-se nu ritmo incessante. Pitota continuava centrado, e os gols saindo. Placar final, Santa Cruz 7, América 5. Sem dúvida, uma virada fantástica. Que durante muito tempo foi assunto nas rodas esportivas da cidade.

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